quarta-feira, 8 de junho de 2016

Professores contratados de Lages

Senhores,
Venho aqui manifestar minha indignação como mãe e como cidadã. 
Como é de conhecimento da maioria, nas últimas semanas tivemos episódios de paralisação das aulas na rede municipal de Lages, no intuito de pleitear um aumento/reposição salarial para os professores.
Acho justo e correto qualquer tipo de manifestação ordenada e pacífica, quando o objetivo é a melhoria ou a garantia dos direitos trabalhistas de qualquer classe. Vivemos em uma sociedade democrática que nos permite manifestar publicamente nossa opinião, nossos desagrados, exigir cumprimento de direitos estabelecidos em lei, enfim, como uma democracia deve ser.
Qual não foi minha surpresa e de muitas outras mães ao saber que professores que lecionavam  na escola de nossos filhos foram desligados na data de ontem, por participarem de tais manifestações. 
Meus filhos estudam na Escola Jardelina Furtado Pereira, bairro Nadir, e segundo é de meu limitado conhecimento, desta escola foram três os professores contratados que foram dispensados pela prefeitura na data de ontem: Professora Marilda, do 4º e 5º ano, Professora Vanderléia do 3º ano e Professora Maieçaloun do 1º ano. 
O episódio do rompimento do contrato segundo eu sei, ocorreu somente com professores contratados e não somente na escola Jardelina, mas também em outras escolas da rede municipal. 
Pude presenciar o desespero que levou às lágrimas alguns dos alunos destas professoras... alunos que hoje ainda terão suas atividades normais, mas a partir desta quinta 09/06, quando estes professores deveriam estar em sala de aula instruindo as crianças, não estarão mais presentes, e serão provavelmente substituídos por outros de igual competência... por simplesmente terem PARTICIPADO DE UM DIA DE MANIFESTAÇÃO PACÍFICA E ORDENADA PLEITEANDO UM AUMENTO SALARIAL.
Penso em que tipo de democracia estamos? Não sei muito de leis municipais, não sei se o proceder da Secretaria da Educação tem amparo legal ou não, mas digo claramente que mesmo que tenha sido legal, é imoral. Não creio que a demissão seria o primeiro proceder para falta ao serviço por um dia de paralisação.
Não se substitui professores assim, estalando dedos, como se eles fossem apenas números. São seres humanos, tem família, filhos, compromissos financeiros, enfim, uma vida... e na minha modesta opinião, são mais do que educadores, são profissionais preparados que via de regra excedem suas funções e assumem papel de pais, psicólogos, amigos, enfim, extrapolam em muito suas funções de instruir e educar em sala.
Acho um absurdo esta manobra política somente para retaliar e punir a categoria. As crianças se apegaram, adoram estas professoras, tomam-lhes como exemplos... como posso explicar aos meus filhos que vivemos em uma democracia, onde podemos e devemos ser atuantes e atentos às questões políticas, exigir nossos direitos de cidadãos, falar o que pensamos com ordem e respeito, enfim, forjar-lhes cidadãos plenos de direitos, quando uma injustiça deste tamanho ocorre.
Ressalto ainda que nos dias em que houve a dita manifestação dos professores, enquanto alguns estavam em frente à prefeitura pleiteando o reajuste, outros ficaram em sala de aula. Não posso afirmar que as crianças tiveram aula, porque a quantidade de professores era bem menor, mas afirmo que pude vir trabalhar porque houve esta preocupação do movimento de manter professores em sala de aula durante a fase da negociação, para que nós, pais, não fôssemos penalizados pela mobilização da categoria. Agradeço de coração à forma como o movimento foi organizado, porque só quem tem que ir para o serviço e não tem onde deixar seu filho sabe do que eu estou falando.
Desculpem-me se exagero em meu desabafo, mas tenho quase a mesma idade que nosso prefeito Elizeu Mattos, que por sinal ajudei a colocar no gerenciamento desta cidade, quando dei-lhe meu voto de confiança. Cresci e fui educada em uma sociedade e um tempo em que se aprendia Educação Moral e Cívica, Organização Social Política Brasileira (EMC e OSPB), o professor era valorizado, tratado como autoridade dentro e fora da sala de aula, modelo pessoal e profissional a ser seguido. E acredito que se hoje temos bons profissionais em variados segmentos da sociedade, isso deve-se sim fundamentalmente ao trabalho de um ou vários professores que nos acompanharam e nos deram o norte para ser o que somos, que junto com nossos pais, forjaram-nos verdadeiros cidadãos...
Não posso crer em uma sociedade que se considere desenvolvida quando seus professores não são valorizados. Sinceramente, acho que sempre receberão menos do que merecem.
Ressalto ainda que orgulho-me de dizer que todos os meus filhos estudam em escola pública, e que considero o ensino público de ótima qualidade. Ainda ontem chorei emocionada ao ver os meus gêmeos de CINCO ANOS DE IDADE, cantarolando em casa trechos do Hino de Lages... sinceramente, não sei o Hino inteiro, mas reconheci a letra e fico encantada de saber que ainda ensinam moral e civismo nas escolas públicas... isso, com certeza, foi obra de um professor.

Cordialmente,

Nina Schwarz
(Vânia Garcia Schwarz)
Mãe de 3 alunos da rede pública municipal

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