quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Projeto de lei concede título póstumo de promotor público a Cruz e Sousa

Assinatura da proposta acontece nesta quinta-feira, 24, no Palácio Cruz e Souza. Ato integra Semana da Consciência Negra

Corrigir uma injustiça cometida há 133 anos contra o poeta João da Cruz e Sousa é o objetivo de um projeto de lei que será apresentado pelo deputado estadual Dirceu Dresch (PT). A proposta, que  será protocolada em uma  cerimônia no Palácio Cruz e Sousa, em Florianópolis, neta  quinta-feira (24), às 11 horas, reconhece simbolicamente o poeta catarinense como Promotor Público, direito que lhe foi negado na época devido à cor da sua pele.

Conforme Dresch, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia legislativa, a proposta nasceu do debate com entidades do movimento negro. O ato integra a programação da Semana da Consciência Negra e a data escolhida coincide com a do nascimento do poeta. "Estamos revendo a história, as  injustiças com o povo negro. Simbolicamente, vamos corrigir uma injustiça com esse título póstumo ao poeta negro Cruz e Sousa." 


História

Em 1883, durante a monarquia, o então Presidente da Província de Santa Catarina, Francisco Gama Rosa,  nomeou João da Cruz e Sousa Promotor Público de Laguna, mas o poeta não pôde tomar posse do cargo devido à pressão de  políticos locais, que não aceitaram um negro ocupando o cargo. Pesou ainda o fato de que, na época, Cruz e Sousa já se destacava como fervoroso conferencista em prol da abolição da escravatura.

 João da Cruz e Sousa nasceu em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, no dia 24 de novembro de 1861. Filho de escravos alforriados, faleceu  pobre  em 1898, no interior de Minas Gerais, vítima de tuberculose. Criado junto à família do marechal Guilherme Xavier de Sousa, teve acesso a uma educação refinada, aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu matemática e ciências naturais.

É considerado o mais importante escritor do período simbolista. Suas obras Missal (1893) e Broquéis (1893) são consideradas o marco inicial do simbolismo no Brasil, que perduraria até 1922, com a Semana de Arte Moderna.  Também publicou Tropos e Fanfarras (1885), Evocações (1898), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905).




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