quarta-feira, 11 de abril de 2018

Coluna Gazeta Política com Leonardo Secchi


O DILEMA DA ESQUERDA

Por Leonardo Secchi – professor de Administração Pública da Udesc
A prisão e a consequente inexigibilidade do ex-presidente Lula pela lei da Ficha Limpa tira o maior líder esquerdista do jogo político e obriga o PT a lançar uma nova candidatura. O partido terá que escolher dentro do seu quadro o melhor nome ou então fazer uma composição com as frentes de esquerda. Pelo o que se observa no momento, o PT deve lançar o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ou então fazer uma aliança mais ampla com a esquerda, com Manuela D´Avila do PCdoB, Guilherme Boulos do PSOL ou ainda Ciro Gomes do PDT.
O PT tem uma marca própria, tem um grande número de seguidores e terá que fazer um exercício de humildade para não ser cabeça de chapa nestas eleições. Se isso acontecer, a esquerda terá uma candidatura forte e competitiva para chegar no segundo turno. Caso isso não aconteça, é possível que haja uma diluição das forças e talvez nenhum candidato de esquerda chega ao segundo turno, porque todos vão disputar os mesmos votos. Este é um grande dilema que a esquerda tem.
XADREZ ELEITORAL
A saída de Lula do jogo também fortalece as frentes de centro-esquerda, Ciro Gomes (PSD), Joaquim Barbosa (PSB) e Marina Silva (REDE) que, embora não dá para enquadrá-la como centro-esquerda, tem origem no próprio PT. Mas, em uma análise mais indireta, podemos afirmar que sobrará votos até para Bolsonaro (PSL): os eleitores do PT são eleitores de perfil de liderança e, por incrível que pareça, sem Lula, que exerce essa força e essa liderança, esses eleitores buscarão um perfil semelhante e não votarão em um candidato morno, como Geraldo Alckmin (PSDB) e Álvaro Dias (PODEMOS), por exemplo. Neste cenário, Bolsonaro ganha força e pode conquistar mais votos.
Podemos esperar uma campanha com muitos candidatos e muita disputa de votos, parecida com 1989. Aquele que conseguir um número um pouco maior de votos vai para o segundo turno para referendar as eleições. No que se desenha no momento, parece ser Bolsonaro (PSL) e mais alguém.
 (PE)EMEDEBISMO
O PMDB tirou o P do nome e retornou a ser MDB, mas a sua velha estratégia continua a mesma: apoiar algum candidato, de qualquer um dos partido que, aproveitando os bons ventos da economia, consiga ganhar as próximas eleições e assegurar sua eterna permanência junto ao poder. Como bem assinalam os poucos estudiosos do “peemedebismo brasileiro”, ao MDB não interessa disputar o cargo de síndico do condomínio Brasil quando é ele mesmo quem dá as cartas e faz as leis em todo o conjunto habitacional... Não foi exatamente assim, nas últimas décadas de governo no país?
Em 2018, a tese ganha reforço. Ao lançar sua pré-candidatura, o presidente Michel Temer busca marcar espaço para negociar com outras possíveis candidaturas. Esse é o perfil do (P)MDB, de colocar o bloco na rua e recolher depois para apoiar uma candidatura mais viável. Isso porque, Temer sabe que hoje não teria chance de eleição, com tamanha rejeição assinalada pelas pesquisas.

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