segunda-feira, 18 de junho de 2018

Coluna Gazeta Política com Leonardo Secchi



De olho no placar: na Copa e no STF
Por Leonardo Secchi – Professor de Administração Pública da Udesc

Em tempos de Copa do Mundo, temos pela frente grandes emoções. E não é só no futebol. No Judiciário a bola também continua rolando e o resultado de cada lance pode ser bem mais determinante para o futuro político do Brasil do que um simples escorregão do escrete canarinho. Na verdade, o nosso fundo do poço, em termos futebolísticos, o 7 a 1 da Alemanha, já deve ter ficado no passado, porém, na política, não dá para se ter tanta certeza. Sempre pode piorar. Por isso, diante de possíveis glórias ou dissabores nesses dois campos tão distintos, é bom ficarmos com um olho no peixe e o outro no gato.
Duas votações liberadas para as próximas semanas no Supremo Tribunal Federal podem provocar importantes alterações nas estratégias dos partidos em vista das eleições de outubro. A senadora Gleisi Hoffmann, que também é presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, enfrenta seu julgamento, juntamente com outros réus no STF. Já o ex-presidente Lula, também do PT e ainda pré-candidato do partido às eleições presidenciais, enfrenta o julgamento de mais um recurso na Segunda Turma do STF que, em tese, poderá libertá-lo da prisão até que sua condenação pelo juiz Moro e pelo TRF4 tenha transitado em julgado.
Estratégia eleitoral
O placar nas referidas votações do STF, em princípio, pode provocar importantes alterações na estratégia do PT em relação às eleições de 2018. O baque de uma possível condenação da senadora presidente do PT, poderá ser compensado com a libertação momentânea de Lula, o que daria novo alento à militância para entrar de corpo e alma na campanha. Contudo, dada a grande probabilidade de Lula ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, ele deverá pesar muito bem as alternativas, podendo ser convencido a indicar um candidato substituto do PT bem antes do que desejava, sob pena de ver a candidatura de centro-esquerda de Ciro Gomes avançar sobre o seu eleitorado de esquerda, cacifando-se para o segundo turno das eleições e deixando o PT fora da partida antes mesmo do apito final.
Conservadorismo
O temor tem fundamento. Na opinião de muitos cientistas políticos, a sociedade brasileira vem fazendo sensíveis movimentos de acomodação à direita, possibilitando o avanço de candidaturas mais conservadoras em detrimento de posições tidas como mais progressistas. Assim, enquanto nas últimas décadas a polarização das eleições brasileiras se deu sempre entre as posições de esquerda contra as de centro-direita, atualmente, devido ao movimento para a direita, a sociedade estaria deslocando suas duas opções nitidamente para a centro-esquerda e a direita propriamente, com Jair Bolsonaro (PSL) nesta última e Ciro Gomes (PDT) ou Marina Silva (Rede) na outra.
Tudo pode acontecer
Resta saber, no entanto, se o povo brasileiro vai para as urnas em outubro com algum traço de radicalismo, o que possibilitaria a escolha de alguma das posições mais extremadas. Ainda há a possibilidade de haver reviravoltas imprevisíveis e tudo pode acontecer. No final da campanha, após a apresentação de cada candidato e de suas propostas, pode até prevalecer uma solução mais conciliadora. Neste caso, candidaturas de centro-direita como as de Geraldo Alkmin (PSDB) ou Álvaro Dias (PODE) poderiam disputar um dos polos. A pacificação do país, numa disputa entre centro-esquerda e centro-direita, seria, sem dúvida, uma possibilidade bem mais factível.

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