A VEZ DAS NOVAS LIDERANÇAS
Olá leitores do Portal Gazeta Serrana, sou Leonardo Secchi, professor
de Administração Pública e Pró-Reitor de Planejamento da UDESC e ocupo este
espaço para debater sobre gestão pública e contribuir com análises sobre o
cenário político estadual e nacional.
Tenho Doutorado em Ciências Políticas pela Universidade de Milão,
Itália, e Pós-Doutorado em Políticas Públicas pela Universidade de Wisconsin -
Madison, nos Estados Unidos. Também sou diretor da Sociedade Brasileira de
Administração Pública, autor de livros da área e já atuei como professor na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Neste artigo proponho um debate sobre a importância do surgimento de
novas lideranças no ano eleitoral.
Foi com grande alvoroço que os meios políticos brasileiros
reagiram às manifestações públicas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
sobre uma possível candidatura do apresentador da TV Globo, Luciano Huck. De
xingamentos irritados da oposição a comentários apreensivos das autoridades
palacianas de Brasília, sobrou até um silêncio eloquente para as bordas do
ninho tucano.
Mas parece
que poucos analistas se deram conta, que a estas aturas de vida, FHC pode se
permitir um olhar distanciado, tão necessário a um sociólogo, para avaliar com
mais equidistância o momento político singular hoje vivenciado pela sociedade
brasileira. É neste momento que um ex-presidente da República pode e deve fazer
suas considerações, o quanto possível desapaixonadas sobre candidaturas, mesmo sendo
reconhecido como uma das principais lideranças do PSDB nacional.
Embora tendo
mencionado nominalmente Luciano Huck, é evidente que FHC esteja indicando o
imenso vácuo existente no universo de possíveis candidaturas presidenciais para
2018, num campo muito específico, que atenda as visíveis demandas do eleitor
brasileiro: a presença de um nome novo, sem muita vinculação partidária, capaz
de mobilizar de alguma forma a população, e que sinalize de forma clara uma
vontade de buscar uma outra via para o exercício político do poder. Devem
existir dezenas, quiçá centenas de jovens lideranças brasileiras com esse
perfil, mas quem se habilita?
Essa
intervenção do velho sociólogo FHC, de certa forma, não deixa de indicar uma
velada crítica às novas gerações, que assistem passivamente ao dramático
momento político brasileiro, como se pouco ou nada tivessem a ver com ele. É
certo que há no Judiciário e no Executivo algumas jovens lideranças concursadas
querendo fazer a diferença. Mas no poder Legislativo, o espaço político por
excelência, parece que tais lideranças preferem se manter submissas às ordens
das velhas raposas, sem qualquer coragem para ousar outros caminhos.
Há
momentos cruciais na vida das sociedades, onde se faz necessária uma atitude
revolucionária, que não precisa ser violenta. Nestes momentos, são as novas
gerações as mais aptas para os necessários rompimentos e posterior construção
de novos modelos. Cadê essa nova geração? Talvez seja esta a pergunta que o
ex-presidente esteja se fazendo agora – apesar dos amuos e indefinições de seus
aturdidos colegas de partido.
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