Descoberto o conteúdo da cápsula do tempo encontrada em
Lages
O convite para o lançamento da pedra fundamental do
antigo Colégio Aristiliano Ramos, quatro jornais da época e oito moedas, sendo
a mais antiga de 1731, estavam em pote de vidro enterrado há mais de 80 anos
Técnicos
do Museu Thiago de Castro, de Lages, realizaram na tarde desta quinta-feira,
dia 11, uma operação de emergência que resultou na revelação do material
guardado na cápsula do tempo enterrada há 83 anos,no dia 3 de outubro de 1934,
no antigo Colégio Aristiliano Ramos, no centro da cidade.
O
pote de vidro foi localizado no último dia 20 de dezembro durante as obras de
demolição do prédio. Imediatamente, foi levado ao museu para ser submetido ao
processo de desumidificação. E na tarde desta quinta, durante a visita de um
especialista que veio a Lages para conhecer o material, constatou-se a
necessidade de retirada urgente dos papéis guardados no pote, sob o risco de
deterioração em poucos dias.
O
historiador Felipe Reis, morador de Campo Belo do Sul, foi o responsável pelo
procedimento que descobriu o conteúdo histórico. Ele destaca que, por conta da
mudança de temperatura ambiente e dos muitos fungos que havia dentro do pote, a
relíquia estava sendo rapidamente consumida, mesmo com todos os procedimentos
técnicos corretos adotados no museu.
Dentro
do vidro havia três edições do jornal A
Época e uma do Correio
do Estado, todas impressas entre 1932 e 1934, inclusive com uma
entrevista do então deputado lageano Nereu Ramos; oito moedas, sendo a mais
velha de 1731, quando Lages ainda nem havia sido fundada; e um convite para o
lançamento da pedra fundamental do Edifício da Escola Normal (Colégio
Aristiliano Ramos) assinado por Argeu Godinho Furtado, secretário geral do
município de Lages.
Cuidados no Museu Thiago de Castro garantiram a
sobrevivência da relíquia
O
historiador Felipe elogia todo o procedimento realizado pelo Museu Thiago de
Castro e garante que as medidas adotadas pela Fundação Cultural de Lages foram
corretas e dentro das normas.
“O
grupo do Thiago de Castro faz um trabalho minucioso e cuidadoso, e exatamente
por isso encontramos um material que poderia estar em pior estado. Tratamos de
retirar o material do pote para agilizar o processo de secagem e evitar que os
fungos se alastrassem mais”.
O
próximo passo será a finalização da secagem dos jornais, polimento das moedas
para descobrir as demais datas e saber que tipo de fungo toma conta dos periódicos.
“Será
necessário um novo planejamento para análise desses fungos e saber quais
procedimentos tomar para uma eventual exposição ao público”.
Felipe
considera necessário também, a partir de agora, estudar por qual motivo aqueles
jornais específicos foram deixados dentro do pote, pois provavelmente queriam
dizer alguma coisa a quem os encontrasse.
“Quem
localizou essa relíquia tem muita sorte, pois enquanto ela foi enterrada, era
justamente com o objetivo de que alguém a encontrasse no futuro”.
Segundo
o superintendente da Fundação Cultural de Lages, Giba Ronconi, o material ainda
não pode ser exibido ao público.
“Precisamos
finalizar os processos para retirar totalmente a umidade dos jornais e eliminar
os fungos existentes, e após esseprocedimento, vamos definir qual a melhor
maneira de apresentarmos esses itens históricos para a comunidade”.
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