sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Vacina da Johnson teve eficácia de 66% contra casos moderados e graves de Covid-19.

 Imagem de seringa e ampola da Johnson & Johnson — Foto: Dado Ruvic/Reuters


Nenhuma pessoa vacinada morreu da doença. Vacina é a única em etapa avançada de testes com apenas uma dose; imunizante também funcionou contra a variante da África do Sul, considerada mais contagiosa. A eficácia contra casos leves não foi divulgada, e os resultados não foram publicados em revista científica.

A Johnson anunciou, nesta sexta-feira (29), que sua vacina contra a Covid-19 teve 66% de eficácia em prevenir casos moderados e graves. Considerados apenas os casos graves, o nível de proteção foi de 85%. Nenhuma pessoa vacinada morreu de Covid. A eficácia da vacina para pacientes com casos leves da doença não foi divulgada, e os resultados ainda não foram publicados em revista científica.

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A vacina da Johnson é uma das que foram testadas no Brasil. Por isso, a empresa pode entrar com o pedido de uso emergencial na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determinou que só pode haver liberação emergencial de vacinas testadas em voluntários brasileiros.
A Johnson ainda não entrou com o pedido de uso emergencial ou pedido de registro sanitário junto à Anvisa. Até agora, apenas as vacinas de Oxford e a CoronaVac foram aprovadas no país.

O imunizante também funcionou contra a variante da África do Sul, mais contagiosa. A vacina, que usa a tecnologia de vetor viral, é a única em etapa avançada de testes com apenas uma dose.
Considerando todos os ensaios de fase 3 – em 8 países, incluindo Estados Unidos, Brasil e África do Sul – a vacina teve 66% de eficácia contra casos moderados e graves de Covid 28 dias após a vacinação. Isso significa uma redução de 66% nos casos moderados e graves de Covid no grupo vacinado em relação ao grupo não vacinado.
Nos ensaios dos EUA, a eficácia contra casos moderados e graves foi de 72%; na América Latina, de 66%; na África do Sul, onde uma variante mais contagiosa do coronavírus está circulando, a eficácia foi de 57%.
Considerados apenas os casos graves, em todas as regiões, a eficácia da vacina chegou a 85%. Isso significa uma redução de 85% nos casos graves de Covid no grupo vacinado em relação ao grupo não vacinado.
A proteção começou 14 dias após a vacinação.
A eficácia da vacina aumentou com o passar do tempo: não houve nenhum caso grave de Covid nos participantes vacinados 49 dias após a aplicação da vacina. A vacina garantiu 100% de proteção contra hospitalização e morte por Covid 28 dias depois da vacinação. Após essa data, ninguém foi hospitalizado ou morreu de Covid.
A proteção foi, de forma geral, "consistente" em todos os participantes, independentemente da raça ou idade – inclusive em adultos acima de 60 anos.
A vacina pode ser armazenada por pelo menos 3 meses em temperaturas de 2ºC a 8ºC – o que é compatível com a rede de frio de vacinação usada no Brasil hoje. Em temperaturas de -20ºC, ela fica estável por dois anos, estima a Johnson.
No mundo, participam dos testes 44.325 voluntários. No Brasil, segundo a Anvisa, são 7.560 pessoas nas seguintes unidades da federação: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.
Perfil dos voluntários
34% dos participantes no mundo tinham mais de 60 anos (14.672, no total).
55% eram homens e 45%, mulheres.
59% eram brancos; 45% eram hispânicos e/ou latinos; 19% eram negros/afroamericanos; 9% americanos nativos (indígenas) e 3%, asiáticos.
41% dos voluntários tinham uma comorbidade associada a maior risco de Covid grave: 28,5% tinham obesidade, 7,3% tinham diabetes tipo 2, 10,3% tinham hipertensão e 2,8% tinham HIV. Outros participantes com doenças do sistema imune também participaram dos ensaios.
Na América Latina, além do Brasil, os testes foram realizados na Argentina, no Chile, na Colômbia, no México e no Peru.

Outras vacinas e aprovações
Com o anúncio da Johnson, agora são 8 imunizantes ao redor do mundo que tiveram seus dados de eficácia divulgados pelas próprias farmacêuticas ou publicados em revista científica. Quando a publicação acontece, isso significa que os resultados foram avaliados e validados por outros cientistas.

Até agora, as seguintes vacinas tiveram seus dados publicados em revista:

Pfizer/BioNTech: 95% de eficácia
Moderna: 94,1% de eficácia
Oxford/AstraZeneca: 70,4% de eficácia
Outros 5 desenvolvedores apenas divulgaram a eficácia de suas vacinas, sem publicar estudos:

Sputnik V: 91,4% de eficácia
Novavax: 89,3% de eficácia
Sinopharm: 79,3% de eficácia
Johnson: 66% de eficácia contra casos moderados e graves
CoronaVac: 50,38% de eficácia
As vacinas da Moderna e da Pfizer já foram aprovadas nos Estados Unidos, no Reino Unido e na União Europeia, além de Canadá, Israel e outros países.

O Reino Unido também aprovou a vacina de Oxford, que ainda aguarda autorização de uso da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), prevista para esta sexta-feira. A África do Sul e o Brasil também aprovaram o imunizante.

A CoronaVac, da Sinovac, foi aprovada pela China, que a desenvolveu, pelo Brasil, Indonésia, Turquia e Chile. O Chile foi o último a receber as primeiras doses, na quinta-feira (28).

A Sputnik V já foi aprovada na Rússia, a desenvolvedora, e em outros países, como a Argentina, onde já está sendo aplicada; a Hungria, único da União Europeia a conceder a autorização; e o Irã.

A vacina da Sinopharm já foi aprovada na China, que a desenvolveu, e em outros países, como o Bahrein.

A vacina da Novavax era, antes da Johnson, a mais recente a divulgar os estudos de fase 3, e ainda não foi aprovada para uso em nenhum país.

G1

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