A eleição da mudança
Por Leonardo Secchi –
Professor de Administração Pública da Udesc
A Copa está acabando e o assunto no país a partir do dia 15
será outro: as eleições de outubro. Estamos a menos de três meses do dia em que
escolheremos o novo presidente (a), os governadores, senadores e deputados, pós
impeachment e manifestações que ganharam às ruas pelo Brasil nos últimos quatro
anos. Ainda não sabemos se Lula estará fora do páreo como manda a lei, se a
esquerda seguirá dividida, se Bolsonaro é mesmo um mito, se o candidato do
governo (Meirelles) vai de fato defendê-lo, se haverá um outsider, se novos nomes terão alguma chance...Tudo caminha, até
agora, para uma disputa parecida com 1989, muitos candidatos e poucas certezas.
Embora ainda não tenhamos as candidaturas oficializadas, o
que ocorrerá a partir de 20 de julho, já sabemos qual será o tom ditado pelas
campanhas: o da mudança! Não estamos mais dispostos a tolerar corruptos e
corruptores, tampouco a aceitar a polarização entre direita e esquerda como
única opção nas urnas. Não acreditamos em salvadores da Pátria, nem em santos
injustiçados, no radicalismo como arma, no extremismo como força, na
intolerância como argumento.
Acreditamos, sim, no poder do voto, no desejo e na
capacidade do povo em mudar o que não funciona. Afinal, o que faríamos ou como
votaríamos se nos faltasse esperança?
Como mudar?
Dias desses, ouvi uma conversa despretensiosa de quatro
amigos sentados à mesa ao lado da minha durante um café da tarde numa dessas
minhas viagens pelo Estado. Um deles lamentava a crise política no Brasil
enquanto colocava a culpa no eleitor brasileiro: - não sabe votar – afirmava
ele ao mesmo tempo em que ouvia do amigo ao lado sua solução para o
problema: - temos que votar nulo para
anularmos a eleição e darmos o recado. O outro pensara em algo melhor: - não vou votar. Cansei, nada muda. O quarto
homem da mesa mantinha o silêncio e só observava a discussão dos amigos, quando
foi convocado a dar sua opinião sobre o assunto. Visivelmente desconfortável,
ele responde: - então, convidei vocês
hoje para o café porque estava pensando em ser candidato nas eleições, mas já
entendi o recado.
Poderia citar várias interpretações sobre o diálogo, mas me
atenho a três delas. Quando generalizamos o político como o corrupto nos
incluímos na análise e deixamos de acreditar no nosso poder de escolha. Ao
desdenharmos o eleitor e atribuirmos a escolha da maioria ao desconhecimento,
contrariamos a democracia e a liberdade individual. Se não votamos, deixamos
que os outros escolham por nós; se apertamos a opção branco, aceitamos
passivamente a escolha da maioria e se anulamos o voto, não mudamos o
resultado, apenas escolhemos não decidir. Neste último, é importante ressaltar
que a justiça eleitoral considera apenas os votos válidos nas eleições,
portanto, se tivermos 200 mil votos nulos e apenas um válido, este um vai
decidir a eleição.
Isso significa que se queremos mudar alguma coisa, temos que
assumir o protagonismo e, sem demagogia, fazermos a nossa parte para que
possamos cobrar, comemorar ou até reclamar depois.
Despedida
É neste tom de mudança e de protagonismo que me despeço
temporariamente deste espaço nobre que assumi nos últimos meses para me dedicar
a um desafio na pré-campanha para deputado estadual. Foram 14 artigos semanais que me permitiram interagir com o os
leitores da Serra Catarinense sobre política e gestão pública, minhas
especialidades enquanto professor de Administração Pública da Udesc, com
doutorado em Ciências Políticas e Pós-Doutorado em Políticas Públicas. Agradeço
à direção da Gazeta Serrana,
à toda equipe de jornalismo do grupo e a todos os leitores por esta
oportunidade especial de compartilhar conhecimento.
Quem tiver interesse em conhecer esse desafio da pré-campanha
e a continuar o debate e a interação nas redes sociais, pode acessar www.facebook.com/codeputado e @codeputado. Será muito
bem-vindo!
Obrigado!
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