Afinal por que existe o voto
secreto? O honroso Ulysses Guimarães citava "que o voto secreto dá vontade
de trair". Mais atual do que nunca, o voto secreto traz para sociedade
brasileira a discussão do “ser ou não ser” secreto.
Polêmica importante levou o Supremo
Tribunal Federal (STF) a decidir que, o voto da nominata dos deputados que
comporão a comissão que vai analisar o pedido de impeachment da Presidente da
República não será secreto. Estão pensando os ministros que as suas decisões
mudarão o voto dos deputados?A decisão foi sacramentada pelo STF, portanto não
há mais voto secreto e o questionamento é se a medida vale somente para o poder
legislativo ou toda e qualquer votação.
A Constituição Brasileira no
seu artigo 85 especifica os casos que as votações deverão ser abertas ou
secretas. Mas por que o voto secreto? Para esconder a hipocrisia e a falta de
coragem de assumir a responsabilidade por suas escolhas? Talvez por misturar a
covardia e o medo de tomar posições ou se incompatibilizar com determinados
candidatos.
O voto secreto no mundo
político pode ter sido criado com a ditadura para que o voto contra o regime
não sofresse retaliação ou perseguição do governo. Com a chegada da democracia
em que, em tese, cada um poderia se manifestar livremente, a opinião pública
passou a exigir transparência e o direito de saber como vota cada um dos
representantes nas casas legislativas. Isso porque, segundo a posição
majoritária da sociedade, o político tem que prestar contas ao seu eleitor e
não se curvar a pressão pelo interesse do governante de plantão.
Se todos os votos fossem
abertos quantas promessas e compromissos deixariam de ser desrespeitados. Será
que com o voto aberto, as pessoas votariam naquele candidato a síndico, no
presidente X da associação ou sindicato, no presidente Y do clube de futebol,
no fulano vereador, no sicrano prefeito, da mesma forma para as escolhas de
deputado, de senador, de Presidente da República? O que dizer do jurado que
teria que tornar público o seu voto para absolver ou condenar alguém no
tribunal do júri?
O voto aberto para tudo e
todos seria uma maneira de acabar com as promessas e acordos espúrios e
criminosos, com responsabilidade recíproca entre o candidato e o eleitor. O
candidato sabendo e respeitando quem lhe deu o aval do voto e assumindo os
compromissos de agir corretamente, e o eleitor podendo cobrar posição e
transparência, fiscalizando os seus atos. Não é honesto ser contra a corrupção,
mas votar em alguém corrupto, “ficha suja”, que atua para obter vantagens em tudo
no seu dia-a-dia.
*Valdir Colatto é engenheiro agrônomo e deputado federal pelo PMDB de Santa Catarina. Em 2014, assumiu o mandato de deputado federal pela 7ª legislatura.
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