terça-feira, 1 de setembro de 2020

Entenda o câncer de cólon que matou o astro de 'Pantera Negra'.

Foto:R7.


O ator Chadwick Boseman, estrela de Pantera Negra (2018), morreu na última sexta-feira (28), os 43 anos, por causa de um câncer de cólon. Ele foi diagnosticado em 2016.
O astro, que protagonizou o primeiro filme com um super-heroi negro da Marvel, chegou a aceitar outros papéis enquanto estava doente e nunca falou publicamente sobre o assunto.
"O câncer colorretal é uma doença bastante frequente. Ela compromete a região do intestino grosso [cólon] e do reto [final do intestino, antes do ânus]", explica o oncologista Artur Rodrigues Ferreira, do CPO (Centro Paulista de Oncologia)/Oncoclínicas). Ele acrescenta que existem diferenças entre os tumores que atingem o cólon e o reto, mas ambos são estudados em conjunto.

Este é o terceiro tipo de câncer mais comum em homens, e o segundo em mulheres, com exceção do câncer de pele não melanoma. São estimados 40.990 novos casos em 2020 - 20.520 em pessoas do sexo masculino e 20.470 em pessoas do sexo feminino. Neste ano, a incidência deste tumor deve ultrapassar a do câncer de pulmão (17.760). Os dados são do INCA (Instituto Nacional do Câncer).
Ainda de acordo com o instituto, o câncer colrretal foi a terceira causa de morte por câncer no Brasil em 2018. Nos Estados Unidos, ele está em segundo lugar, segundo relatório da American Cancer Society. Apesar disso, é frequentemente curável.
"É um câncer mais comum em pacientes acima dos 50 anos, mas há aumento [de casos] em pacientes mais jovens, embora os números absolutos sejam pequenos", destaca Rodrigues.

Ele cita estatísticas de uma pesquisa publicada em 2015 na revista científica JAMA Surgery: até 2030, a taxa de incidência aumentará em 90% (colón) e 124% (reto) para pacientes de 20 a 34 anos e em 27,7% (cólon) e 46% (reto) para pacientes de 35 a 49 anos.
Além da idade, o sobrepeso, a obesidade e um estilo de vida não saudável - o que inclui sedentarismo e alimentação inadequada - são fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer colorretal. "Dietas ricas em carne vermelha e processadas [salsisha, linguiça, bacon], consumo excessivo de álcool, tabagismo e o diabetes aumentam o risco", ressalta o especialista.

Quem tem doenças inflamatórias do intestino ou hereditárias - como Síndrome de Lynch e polipose adenomatosa familiar (FAP) - também deve ficar atento. "Essas síndromes se relacionam ao surgimento de tumores no intestino", completa.
Ainda segundo o relatório da American Cancer Society, negros são mais atingidos pelo câncer colorretal. De 2012 a 2016, a taxa de novos casos em negros não hispânicos foi de 45,7 por 100.000, cerca de 20% maior do que a taxa entre brancos não hispânicos.

"Os dados aqui são menos categóricos. Mas a população negra está associada ao maior risco. Não há evidências precisas se por razões biológicas ou devido ao menor acesso a serviços de saúde e rastreamento por questões socioeconômicas", pondera Rodrigues.
O oncologista afirma também que este tipo de câncer pode ser silencioso ou ter sintomas variáveis. "Podem ser [pacientes] assintomáticos e descobrirem durante uma tomografia de abdome feita por outra causa", exemplifica.

"Há sintomas inespecíficos, como fraqueza, mal-estar e mudança de hábito intestinal, com diarreia e constipação [intestino preso], ou sintomas mais graves, como sangue nas fezes, anemia sem causa aparente, obstrução e perfuração intestinal, por conta do crescimento do tumor", descreve.
Rodrigues enfatiza que o rastreamento - ou seja, a avaliação para identificar uma doença que ainda não se manifestou - é muito importante para o diagnóstico precoce. "O rastreio deve ser feito a partir dos 50 anos. Iniciativas mais recentes recomedam indicam aos 45 anos. Mas pessoas com mais risco [que têm as doenças inflamatórias e hereditárias já citadas] devem começar antes".
O oncologista explica que o diagnóstico se inicia, principalmente, por meio de um exame chamado colonoscopia. "É um exame extremamente importante para a detecção precoce e prevenção, pois ele permite identificar e remover pólipos [lesões benignas que crescem na parede interna do intestino e podem se transformar em câncer", detalha.

Ele destaca que esse método de diagnóstico é um dos motivos pelos quais existe um constrangimento em relação ao câncer colorretal. "Principalmente na população masculina, há um desconforto ao se submeter a esse exame", observa. 
Isso acontece porque o aparelho usado durante o exame é introduzido no paciente pelo ânus. De acordo com Rodrigues, o instrumento tem uma câmera em sua extremidade, que permite avaliar toda a parede interna do intestino grosso e do reto. "Quanto mais tarde o diagnóstico, maior o risco de falecer, porque a chance de cura acaba diminuindo", lembra o médico.

Somente a biópsia, feita em um pequeno tecido retirado da lesão, é capaz de diferenciar um tuor benigno do câncer de colorretal.

Já o exoma é um teste diagnóstico capaz de identificar sindromes genéticas associadas a este câncer. "Se o paciente tem [a síndrome], ele deve ser colocado em acompanhamento rotineiro".

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R7.

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