Em meio a um momento de tantas incertezas por causa da pandemia, atos de coragem e amor possibilitaram a 18 crianças ter a chance de viver em um novo lar. Durante cinco meses, a comarca de Lages, na Serra Catarinense, registrou sete adoções - seis de grupos de irmãos, com a oitava prestes a ocorrer.
Logo na primeira semana de distanciamento social, em março, duas crianças, de três e seis anos, ganharam outra família. Em seguida, foi a vez de duas irmãs, uma de nove e outra de quatro anos. Na terceira, uma mãe fez a entrega legal, aquela em que a mulher decide, voluntariamente, entregar o bebê à adoção. Exclusivamente nesta adoção, a criança ficou na comarca de Lages. No quarto caso, duas famílias adotaram quatro irmãos. Uma ficou com três, de nove, sete e dois anos; e a outra, com a criança de quatro anos, portadora de uma doença genética crônica.
O sexto grupo de irmãos tem idades de seis e nove anos. Os mais novos são gêmeos. Todos ficaram juntos. A última ocorreu na semana passada, com a adoção de um grupo de seis irmãos. Os meninos e meninas com 12, 10, nove, sete, seis e dois anos estão em três casas diferentes, mas unidos pelos laços sanguíneos e de afeto. A distância física será encurtada com a ajuda da tecnologia.
A troca de e-mails, telefonemas, mensagens de áudio e vídeo foi uma prática adotada na comarca antes mesmo da quarentena e que, agora, se tornou ainda mais presente e essencial nesses processos. Todas as adoções foram precedidas da aproximação on-line. A apresentação inicial das crianças aos pretendentes ocorreu por meio de fotos e relatório psicossocial.
Os pretendentes também remeterem suas informações e trocaram vídeos e mensagens de áudio sobre seu cotidiano até o encontro presencial. A assistente social forense Sumaya Dabbous destaca que é nesse momento que se torna de suma importância a parceria com as equipes técnicas das instituições de acolhimento.
Também foi dessa forma remota que as assistentes sociais da comarca de Lages contaram com o apoio de colegas de todo o Estado para efetivar as adoções das 18 crianças. Para essa conquista, foram utilizados os sistemas Busca Ativa e Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo (Cuida), mas a conexão entre as profissionais é que contribuiu efetivamente para a concretização dos atos.
Sumaya destaca a importância do trabalho em rede: "A participação das colegas foi fundamental para que as adoções se concretizassem. Houve interesse e comprometimento. Todas se mostraram muito disponíveis em ajudar". Com o trabalho da equipe, nenhuma das crianças dos grupos de irmãos ficou na Serra, o que diminuiu o risco de um encontro com a família biológica. Outro fator apontado por ela trata da falta de interesse de pretendentes em adotar crianças com perfil de mais idade na região.
Taina Borges
NCI/TJSC – Serra e Meio-Oeste.
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