Do jornalista Fernando Rodrigues, credenciado colunista da
Folha de São Paulo, sobre a delação do ex-diretor da Petrobrás, Paulo
Roberto Costa”:
“É estarrecedor ouvir o que disse Paulo Roberto Costa, ex-diretor
da Petrobras, a respeito de como eram divididas as propinas que recebia
e dividia com partidos políticos. Tudo está ficando público hoje, como
mostra reportagem de Mário Cesar Carvalho e de Flávio Ferreira. O PT,
sigla de Dilma Rousseff, seria um dos beneficiados.
Não há como imaginar essas revelações deixando de impactar no processo
eleitoral em curso. A rigor, já se sabia a respeito das propinas. Mas
ouvir o diretor relatando torna tudo mais chocante. Paulo Roberto fala
de dinheiro de propina entregue ao PT e ao PMDB, exatamente os partidos
de Dilma Rousseff e de Michel Temer, que formam a chapa de presidente e
vice em busca da reeleição.
A emissora de notícias Globonews colocou no ar trechos dos áudios no
início da tarde de hoje (09.out.2014). Na reportagem de Marcelo Cosme, a
partir de 1 minutos e 30 segundos, é possível ouvir o seguinte trecho
que fala Paulo Roberto Costa, transcrita a seguir:
“Em relação à Diretoria de Serviços, todos sabiam que eu tinha um
percentual desses contratos da área de Abastecimento. Dos 3%, 2% eram
para atender ao PT, através da Diretoria de Serviços. Outras diretorias,
como Gás e Energia e como Exploração e Produção, também eram PT. Então
se tinha PT na Diretoria de Exploração e Produção, PT na Diretoria de
Gás e Energia e PT na área de Serviços. Então o comentário que pautava
lá dentro da companhia era que, nesse caso, os 3% ficavam diretamente…
diretamente para o PT. Não era… não tinha participação do PP, porque
eram diretorias indicadas, tanto para execução do serviço quanto para o
negócio, PT com PT. Então, o que rezava dentro da companhia era que esse
valor seria integral para o PT. A Diretoria Internacional tinha
indicação do PMDB. Então tinha também recursos que eram repassados para o
PMDB, na Diretoria Internacional”
Aí Paulo Roberto é interrogado da seguinte forma: “Certo, mas a pergunta
que eu fiz especificamente é se os diretores especificamente, por
exemplo, o sr. recebia parte desses valores?”. E Paulo Roberto responde:
“Sim. Então, o que que normalmente, em valores médios, acontecia? Do 1%
que era para o PP –em média, obviamente que dependendo do contrato
poderia ser um pouco mais, um pouco menos– , 60% iam para o partido, 20%
eram para despesas (às vezes, nota fiscal, despesa para envio etc.).
São todos valores médios. Podem ter alteração nesses valores. E [dos]
20% restantes eram repassados 70% para mim e 30% para o [José] Janene
[ex-deputado federal, do PP do Paraná, que já morreu] ou para o Alberto
Youssef”.
Outra pergunta para Paulo Roberto: “E como o sr. recebia a sua parcela?”
Paulo Roberto: “Eu recebia em espécie, normalmente na minha casa, ou no
shopping, ou no escritório, depois que eu abri a companhia minha lá de
consultoria”.
Pergunta: “Quem entregava esses valores para o sr.?”
Paulo Roberto: “Normalmente, o Alberto Youssef ou o Janene”.
Pergunta: E nas outras agremiações políticas? O sr. sabe quem eram os distribuidores?
Paulo Roberto: “Dentro do PT, a ligação que o diretor de Serviços tinha
era com o tesoureiro na época do PT, o sr. João Vaccari. No PMDB, da
Diretoria Internacional, o nome que fazia essa articulação toda chama-se
Fernando Soares”.”
Dados do blog do jornalista Moacir Pereira
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