Foi aprovado ontem pela Câmara o Projeto de Lei Complementar
(PLP) 177/12, do deputado Esperidião Amin (PP-SC), que cria normas de finanças
públicas para a realização de repasses ou termos de parceria entre órgãos e
entidades do setor público com pessoas jurídicas de direito privado sem fins
lucrativos (ONGs). A matéria será enviada ao Senado.
O texto, aprovado na forma do substitutivo da Comissão de
Finanças e Tributação, determina que, para poder se candidatar a receber
recursos públicos, as entidades terão que comprovar capacidade gerencial e
técnica e não poderão ter a participação de agentes públicos na sua gestão nem
funcionar como meras intermediárias de prestação de serviços. A ONG também terá
que comprovar que está em atividade regular nos últimos três anos.
O texto não permite o repasse de recursos a entidade que tenha
como dirigentes em seus quadros agente político ou dirigente de órgão ou
entidade da administração pública.
A exceção é para conselhos, como o Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais da
Saúde (Conasems) e o Fórum Nacional de Secretarias de Assistência Social
(Fonseas). Também poderão receber recursos as associações de municípios para
treinamento de pessoal e os serviços sociais autônomos (Sistema S).
Para o autor do projeto, deputado Esperidião Amin, a Câmara dá
um grande passo ao criminalizar o mau uso do dinheiro público repassado às
ONGs. “Tivemos três CPIs sobre esse assunto e ninguém foi punido. Escândalos
não faltaram”, lembrou Esperidião Amin. Amin cumprimentou o
presidente da Casa, Eduardo Cunha, pela insistência em pautar o projeto e
colocá-lo ontem em votação.
Condenação - A proibição de receber recursos se estende às
entidades que tiverem envolvimento com movi- mentos ou campanhas de interesse
político-partidário ou eleitorais e cujos dirigentes tenham sido condenados em
definitivo por crimes de vários tipos, como os contra a economia popular,
eleitorais ou relacionados à lavagem de bens.
Deputados destacam transparência
Para os deputados, a aprovação da proposta vai dar transparência
aos convênios. “O texto estabelece regras claras de governança e
transparência para o setor”, disse José Carlos Aleluia (DEM-BA). Heráclito
Fortes (PSB-PI) avaliou que o projeto coibirá desvios por ONGs que hoje existem
“apenas para abastecer esquemas de corrupção”.
Pompeo de Mattos (PDT-RS) disse que a proposta moraliza e
dificulta o uso indevido de parcerias. Ivan Valente (PSOL-SP) apontou a
transparência como positiva, mas criticou a proibição de repasses
para organizações com dirigentes condenados pela Justiça por crimes
contra o patrimônio privado, porque “vai prejudicar chefes de movimentos
sociais”.
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