quarta-feira, 21 de março de 2018

A renovação política e a mudança de postura *Por Leonardo Secchi


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Diante do descrédito da classe política brasileira, manchada pelas constantes denúncias de corrupção e pelo mau uso do dinheiro público, uma palavra ganha força no cenário eleitoral do país e surge quase como uma necessidade: renovação. Embora ela já esteja na ponta da língua da maioria dos que almejam um cargo eletivo em outubro, a palavrinha mencionada vai além de novos nomes e rostos no duelo por cadeiras públicas: o que estará sob a análise dos eleitores que forem às urnas é a postura inovadora. O que você, candidato, propõe de novo ao país que possibilite resultados práticos e que transcenda ao discurso ideológico e político?
Hoje, para a maioria dos brasileiros, as respostas dadas a esta pergunta estão longe de convencê-la a apertar o botão verde nas urnas. Os números da pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva/Ideia Big Data para o projeto de capacitação de novas lideranças criado em São Paulo, RenovaBR, do qual faço parte ao lado de outros cinco catarinenses, são prova disso.
A pesquisa quantitativa online, realizada de 24 a 26 de janeiro de 2018, com 1.500 pessoas acima de 18 anos em todo o Brasil mostra que 96% dos brasileiros não se sentem representados pelos políticos em exercício e 97% acreditam que é preciso ter renovação na política. Ainda, 78% dizem que não votariam em um político que esteja exercendo mandato parlamentar atualmente e 74% acreditam que a própria população é quem mais tem condições de promover a renovação na política.

Insatisfação
Quando o assunto é a avaliação dos políticos de forma geral, a crítica e a insatisfação são ainda mais fortes: de zero a dez, nenhum entrevistado deu nota acima de 2; apenas 11% acreditam que os políticos brasileiros se preparam para o mandato e 6% que eles pensam nas necessidades da população para tomar decisões.
São números que reverberam o descrédito e, por isso, a análise mais criteriosa e o voto mais consciente são duas posturas esperadas dos eleitores neste ano. Se 97% deles querem renovação, 99% acham que ela começa com a mudança de postura do eleitor.
Diante de tanta crítica, qual deve ser a nova postura do candidato? O papel é convencer as pessoas de que ainda vale a pena acreditar, que vale a pena ir até a urna e votar numa nova postura, diferente da clientelista, de populismo, de ciclos de dependência, mas uma postura responsável, de políticas públicas de interesses difusos que apontam caminhos e trazem resultados macros. Para isso, no entanto, é necessário muito mais que a filiação partidária, o número na urna e um discurso pronto. Postura é sinônimo de atitude, não só no dicionário.

*Leonardo Secchi é professor de Administração Pública na UDESC, Doutor em Ciências Políticas pela Universidade de Milão, Itália, e Pós-Doutorado em Políticas 

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