POLÍTICA NEWS
Lula, o sistema e as
eleições
A passagem do ex-presidente Lula por Santa Catarina no
último final de semana diz muito sobre ele, o PT, o sistema político e as
eleições: primeiro, ao lançar e ressaltar sua candidatura em outubro, Lula ignora,
seja para mostrar força ou para dar esperança para sua militância, à condenação
em segunda instância que o torna inelegível. Confiança demais, jogo político ou
fé na ajuda do Judiciário que ele tanto critica?
O segundo ponto é a confiança na vitória nas urnas
escancarada em seu discurso quando sugere um banho de mar nas praias da Capital
para comemorar em outubro. Neste momento, jogando para torcida petista que
mostrou a sua força durante as visitas, o ex-presidente descartava a hipótese
de ser preso.
Neste cenário, como fica o cidadão brasileiro que não veste
a camisa vermelha, nem a azul, e que constata que há margens para dúvidas até
mesmo no Judiciário?
Será preso ou não? Enquadrado como inelegível ou não?
Cometeu crime ou não cometeu? Roubou ou não roubou? Foi golpe ou não foi golpe?
Se as respostas dependem de ideologias, é onde o Judiciário e todo o sistema falham.
FERNANDO HADDAD
Se o discurso político do partido está em torno de Lula, nos
bastidores há uma ala do PT que está tentando convencer a direção partidária de
que o nome de Haddad deveria começar a ser veiculado já, como alternativa à
Lula. Falam em dar uma repaginada no partido, com o olho no futuro da legenda.
Seus índices, assim como os de seu correligionário Jaques Wagner são ainda muito
baixos, apesar da possibilidade de uma forte transferência de votos do seu
líder maior. Seria suficiente para ir ao segundo turno? Talvez não. Fernando
Haddad até poderia levar o PT a uma meia vitória por outras vias: ser o vice na
chapa de Ciro Gomes. Mas ele está consciente de que seu partido gosta mesmo é
de hegemonia.
A CRISE DO JUDICIÁRIO
A população está bastante descrente do agente público como
um todo e o Judiciário, assim como os demais poderes, está passando por maus
lençóis. Nem o juiz que tem uma visão mais imparcial, a população entende como
alguém que entrou no poder público por um sistema de mérito. Quando a gente vê
um Supremo Tribunal Federal com alguns ministros muito instáveis ou
visivelmente com posições políticas de torcidas organizadas, a população perde
bastante credibilidade no sistema. Apesar do mau momento, temos que ter muita
força e muita esperança para renovarmos a crença nas instituições, porque se
começarmos a contestar Judiciário, Legislativo e Executivo, sem depositar fé em
ninguém, o que sobra realmente é a barbárie, a colocação de líderes políticos
populistas que se propõem a acabar com tudo e com todos, como se não tivessem
defeitos. Este seria um caminho muito mais perigoso.
O MECANISMO
Quem viu no fim de semana a série brasileira na Netflix
baseada na Operação Lava-Jato, o Mecanismo, observou uma produção muito
parecida com Tropa de Elite, do mesmo diretor, José Padilha, que mostra a
corrupção como “câncer brasileiro” e o sistema político como um mecanismo
corrupto que não tem fim, exatamente por estar enraizado em todos os setores.
Nada de novo, mas a crítica continua atual e válida. Você aí: se tivesse uma
oportunidade de se dar bem, mas para isso poderia prejudicar alguém, qual seria
sua escolha?
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