As eleições na Itália
e a onda do conservadorismo
*Por Leonardo Secchi
A julgar pelos resultados das eleições italianas, no início
do mês, a onda de conservadorismo que avança no mundo todo está mantendo seu
ritmo. Apesar do grande desgaste do velho líder Sílvio Berlusconi, a
centro-direita conseguiu nas urnas bem mais do que a maioria imaginava. A
despeito da vontade de Berlusconi, seu parceiro de coligação, Matteo Salvini,
da separatista Lega (Liga), conseguiu surpreender até os mais informados
analistas. Consagrou nas urnas, superando em votos o Forza Italia (FI) de
Berlusconi, tornando-se o novo líder do pensamento conservador italiano.
Enquanto a centro-direita derrotava a centro-esquerda (até o
momento no governo) com quase o dobro dos votos, corria por fora uma terceira
via, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), que vem crescendo eleição após eleição.
Como partido, foi o mais votado da Itália, com mais de 30% dos votos, o que lhe
dá o direito de tentar formar um governo sob a liderança do jovem Di Maio,
cabeça de chapa do M5S. Mesmo colocando-se ao centro do espectro político, é
considerado um partido muito conservador e visto pela esquerda com forte
desconfiança.
O conservadorismo italiano refletido nas urnas nos aponta
duas constatações importantes: os dois grandes vitoriosos, Salvini (Lega) e Di
Maio (M5S), são jovens políticos; e os dois ex-Primeiros-Ministros derrotados,
Sílvio Berlusconi e Matteo Renzi (PD), são políticos manjados e acabaram
identificados como representantes da atual proposta de governo... Alguma lição
para nós brasileiros nas eleições de outubro?
Cenário em SC
Em solo catarinense, que tem muito da cultura italiana e
europeia, as eleições de outubro para governo do Estado não deve apresentar
muitas novidades em relação à disputa pela cadeira de governador. É importante
afirmar que o eleitorado catarinense é bem conservador e tem tendência a votar
no seguro, no que ele conhece, no candidato que ele espera que resolva seus
problemas. Santa Catarine resiste ao perfil de um grande orador e prefere o
“resolvedor de problemas”, o articulador. Hoje, de um lado tem Gelson Merísio
(PSD) com apoio do PP e PSB, do outro lado Eduardo Pinho Moreira (MDB)
articulando com o PR, e no meio, tem o PSDB, que é a noiva da festa e sua
escolha pode decidir as eleições. Antes, porém, os tucanos precisam estancar a
ferida aberta pela Lava-Jato que apontou o pré-candidato Paulo Bauer em suposto
esquema de Caixa 2. O PSDB terá que escolher se lança projeto solo com novo
nome ou aceita ser coadjuvante de um dos dois projetos apresentados.
A missão dos
brasileiros
Se tem alguma vantagem em tudo o que o brasileiro passou
nestes últimos anos, com crise econômica e política, é a esperança de que ele
votará com mais consciência nestas eleições. O eleitor constatou que seu voto
tem consequências diretas na vida. Muita gente perdeu renda, emprego, precisou
mudar hábitos, teve que replanejar sua vida. Acredito que o brasileiro estará
mais racional na hora de votar e os que foram às urnas, irão em busca de uma
nova postura de governo, não necessariamente de um novo nome. Esta nova postura
é olhar para o candidato não como um distribuidor de benefícios, mas como um
líder que aponta novos caminhos com resultados. Por outro lado, devemos ter também
muitos votos nulos e brancos e com grandes chances de termos o maior índice de
abstenções, reflexo do descrédito da classe política. O papel dos novos
candidatos neste ano é convencer os brasileiros de que ainda vale a pena
acreditar.
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* Leonardo Secchi é professor de Administração Pública da UDESC,
Doutor em Ciências Políticas – Universidade de Milão, Itália e Pós-Doutorado em
Políticas Públicas pela Universidade de Wisconsin - Madison, Estados Unidos.
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