Ministério da Cidadania classifica nessa condição famílias que sobrevivem com apenas R$ 3 por dia. Joinville, Florianópolis e Blumenau registraram aumento do número de pessoas nessa situação.
O número de famílias em extrema pobreza cresceu cerca de 20% em um ano nas três maiores cidades catarinenses: Joinville, no Norte, Florianópolis e Blumenau, no Vale do Itajaí. São pessoas que, por causa da pandemia, tiveram a situação econômica agravada.
As famílias que antes da Covid-19 já estavam em uma situação financeira difícil, agora enfrentam uma realidade ainda mais dura: a da pobreza extrema.
A dona de casa Marizete Aparecida Soares relatou as dificuldades enfrentadas por ela e o marido.
"Depois que começou essa pandemia que se agravou mais [a situação]. A gente já ficou desempregado, do meu marido também já cortou bastante o trabalho dele, já diminuiu. Como ele trabalha autônomo, ele tem semana que às vezes tem e tem semana que às vezes já não tem", contou.
A falta de trabalho fez com que a renda mensal de muitas famílias ficasse abaixo dos R$ 89, valor que o Ministério da Cidadania classifica como da extrema pobreza. É quando uma família sobrevive com menos de R$ 3 por dia.
Comparando maio de 2020 com maio de 2021, o crescimento da extrema pobreza nas três cidades foi de:
Joinville: 20,6%
Blumenau: 19,2%
Florianópolis: 18,8%
Os dados são do Ministério da Cidadania (veja gráfico acima).
Para o professor de serviço social da Universidade Regional de Blumenau (Furb) Lucas Haygert Pantaleão, as iniciativas feitas para melhora da economia antes mesmo da Covid-19 não foram suficientes.
"Políticas anteriores à pandemia que não geraram o resultado esperado pelo governo, de alavancar a economia através da iniciativa privada e que ao mesmo tempo fragilizaram os trabalhadores e os colocaram numa insegurança. Numa condição de insegurança muito grande", disse.
A extrema pobreza fez com que a procura por auxílio na Secretaria de Assistência social de Blumenau triplicasse.
"Blumenau já repassou mais de 58 mil benefícios desde o início da pandemia. Em recursos financeiros, mais de R$ 4 milhões. Importante dizer que nem sempre é um atendimento contínuo e são as mesmas famílias", afirmou a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Patrícia Morastoni Sasse.
Desafio
Reerguer famílias extremamente vulneráveis em um cenário de pandemia com futuro incerto é um desafio.
"Para sair e retirar realmente essas pessoas dessa condição, teríamos que ter uma política muito grande no sentido de geração de trabalho e renda para essas pessoas. Só assim a população iria conseguir realmente fazer esse enfrentamento à crise, não só sanitária, mas também econômica, que a gente vive atualmente", disse o professor da Furb.
É exatamente o que Marizete quer, uma oportunidade para conseguir o sustento como fruto do trabalho. "Eu espero que melhore né. Um emprego, as empresas começarem a contratar, para sair da dificuldade", resumiu.
G1SC
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