É inegável que toda obra, por menor que seja, gera
transtornos. Daí a importância de garantir qualidade aos trabalhos e benefícios
não apenas aos usuários, mas também à natureza. Na Serra Catarinense, uma
grande obra custeada com dinheiro público se destaca por todas essas condições
e, além disso, se enquadra no conceito de ecologicamente correta.
Com investimentos de R$ 14,4 milhões do Governo do
Estado, a revitalização da SC-114, no trecho de 24 quilômetros entre os
municípios de Lages e Painel, foi iniciada no fim do ano passado. Os serviços
são executados pela construtora Décio Pacheco, de União da Vitória (PR), e
respeitam um criterioso sistema de preservação ao meio ambiente.
Dois fatores principais caracterizam o aspecto ecológico
da obra. O primeiro é a reciclagem. O engenheiro civil Márcio Coelho Denes
explica que, geralmente, as obras rodoviárias no Brasil consistem na simples
troca da camada asfáltica antiga por uma nova. Nestes casos, o material retirado
é depositado em algum terreno até ter o destino final. Assim, permanece exposto
por um longo tempo, contaminando o solo e o lençol freático com resíduos de
petróleo.
No caso da SC-114 entre Lages e Painel, o asfalto antigo
é retirado e misturado com cimento (13 quilos por metro quadrado) e pó de brita
(camada de cinco centímetros). O trabalho é executado por uma recicladora,
máquina pouco comum no Brasil, e o resultado final, atestado por estudos em
laboratório, é uma nova base com mais resistência e durabilidade.
“É uma tecnologia nova no país, com menos de dez anos.
Fazendo isso, reforçamos a nova rodovia e eliminamos o impacto ambiental, já
que o asfalto antigo é reutilizado e não vai para a natureza”, explica o
engenheiro Márcio Denes.
Borracha reciclada melhora o asfalto e dá mais segurança
aos usuários
O segundo aspecto ambiental e de qualidade da obra é a
utilização de borracha. A técnica, existente há pouco mais de uma década e
exigida pelo Departamento Estadual de Infraestrutura de Transportes (Deinfra)
na revitalização da SC-114, consiste em misturar fragmentos de pneus velhos ao
asfalto, que vem pronto da Petrobras e é usinado em Lages.
Por ser mais poroso, o produto final garante maior
drenagem à rodovia e aderência aos pneus dos veículos, aumentando assim o
conforto e a segurança dos usuários. Atualmente, segundo estimativas da Polícia
Militar Rodoviária de Painel, o trecho em obras recebe cerca de três mil
veículos por dia. Destes, 40% são caminhões carregados principalmente com maçã
e madeira.
“Temos todos os cuidados com essa obra, desde a drenagem
lá no início para não fazermos nenhuma construção sólida sobre uma base mole,
até a preocupação com a ecologia”, conclui o engenheiro Márcio Coelho Denes.
Rodovia turística e de escoamento, SC-114 recebe obras em
130 quilômetros
Uma
das principais rodovias de Santa Catarina para o desenvolvimento do turismo e o
escoamento da produção, especialmente a maçã, a SC-114 recebe neste momento investimentos
de R$ 95,6 milhões do Governo do Estado ao longo de 130 quilômetros.
Além
dos 24 quilômetros entre Lages e Painel (R$ 14,4 milhões), estão em obras os 55
quilômetros de Painel a São Joaquim (R$ 55,7 milhões) e mais 51 quilômetros de
São Joaquim à Serra do Rio do Rastro, em Bom Jardim da Serra (R$ 25,5 milhões).
Destaque
também, especialmente pela proximidade da temporada de inverno, para a
pavimentação dos 20 quilômetros da SC-370 entre Urubici e a Serra do Corvo
Branco, inaugurada em março de 2012 com investimentos de R$ 50 milhões; e a
pavimentação dos 19 quilômetros da SC-112 entre Urupema e Rio Rufino,
inaugurada em dezembro de 2012. Estas duas obras trouxeram um grande incremento
ao turismo da Serra Catarinense.
Todas
as ações integram o Pacto por Santa Catarina, maior programa de investimentos
em infraestrutura na história do Estado e criado pelo governador Raimundo
Colombo. Ao todo, neste momento, existem em torno de 170 obras rodoviárias –
30% delas já concluídas - que somam mais de dois mil quilômetros em todas as
regiões, o equivalente a um terço de toda a malha viária catarinense, com
investimentos de R$ 4 bilhões. Só na região serrana são cerca de 500
quilômetros e recursos de aproximadamente R$ 600 milhões.
“São
investimentos muito importantes do Governo do Estado, pois beneficiam não
apenas os moradores, mas também os produtores rurais e os turistas”, destaca o
secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Regional de Lages, João
Alberto Duarte.
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