Feira
do Peixe Vivo
Produtores
da Serra aguardam véspera da Sexta-Feira Santa para vender novo estoque por
completo em Lages
Peixes
podem ser comprados até esta Quinta-Feira Santa ao preço de R$ 11,90 por quilo
Considerado o dia de temperaturas mais baixas até agora desde o início deste
outono, esta quarta-feira (12) amanheceu gelada, porém, com estabilidade ao
longo da manhã e tarde, um convite ao público para acompanhar a Feira do Peixe
Vivo (de água doce). A ação é promovida próximo ao antigo Mercado Público, no
centro da cidade, às vésperas da Sexta-Feira Santa, um dos principais dias que
antecedem a Páscoa, quando se recorda a Paixão e Morte de Cristo. O consumo de
pescado é a opção simbólica de penitência e respeito à data de passagem bíblica
e história de Jesus Cristo.
Produtores de localidades rurais de Lages, como Mirante, Santa Terezinha do
Salto, Salto Caveiras e Macacos, e de outros municípios da Serra, como Capão
Alto, Bocaina do Sul e Correia Pinto, saíram cedo de suas propriedades em busca
de clientela e bons negócios em Lages. O evento contou com a presença até de
comerciantes da cidade com peixes criados e transportados de Mirim Doce, no
Vale do Itajaí. Carpas dos tipos comum, prateada, cabeça grande e capim,
tilápias e jundiás frescos podem ser adquiridos ao valor de R$ 11,90 por quilo.
A Feira iniciou na terça (11) e segue até esta quinta (13), durante manhã e
tarde ou até durarem os estoques. A Secretaria de Agricultura e Pesca presta
apoio no que tange à organização do evento, cessão de barracas, auxílio com
fornecimento/ligação de energia elétrica para uso da balança elétrica, entre
outros detalhes. O evento possui apoio da Vigilância Sanitária, Associação
Regional de Piscicultores, Epagri, Cidasc e CAV.
Produto
de primeira direto da área rural
De Santa Terezinha do Salto, o técnico agrícola, Reni Branco, sua esposa,
cunhado e irmã participam da comercialização como fornecedores desde que surgiu
a Feira do Peixe Vivo. “Faz mais de dez anos”, comenta o empreendedor. O
cultivador transportou em torno de 500 quilos somente para esta quarta, dos
tipos de carpa cabeça grande, húngara e capim, sendo os animais devidamente
armazenados e criados em tanques especiais, com água em temperatura ideal e
alimentação correta. O produtor apresentou aos clientes exemplares de até sete
quilos, uma relíquia para quem gosta de pescaria e usufrui da gastronomia
baseada nesta carne branca. “Hoje é o nosso primeiro dia na Feira. As vendas
estão razoáveis. Amanhã (Quinta-Feira Santa) voltaremos com mais 500 quilos das
mesmas espécies.”
Em 2016 Reni comercializou aproximadamente 500 quilos de peixes em dois dias de
Feira e faturou cerca de R$ 5 mil. Devido à diferença do preço dentro do
período de um ano (R$ 10 em 2016 e R$ 11,90 neste ano), a perspectiva de venda
desta vez é de mil quilos, baseando-se no novo valor. “Estamos com grandes
expectativas para esta quinta, pois o pessoal deixa para vir na última hora.
Queremos vender todo o estoque que trouxermos”, projeta Reni Branco. A safra é
cultivada em três açudes de sua propriedade, além de açudes de seu pai, também
produtor. “Fiz meu estágio todo na parte de piscicultura e pecuária”, conta o
profissional, adequadamente preparado. Ao lado da atividade de cultivadora de
peixes, a família Branco lida com pecuária para sua sobrevivência.
A empresária Vânia Oliveira se deslocou do Coral, onde mora, aproveitando a
proximidade com a Sexta-Feira Santa e levou 3,310 quilos de carpa na tarde de
quarta. A consumidora optou por este tipo de condicionamento do produto in natura devido às
exigências sanitárias seguidas, procedência e garantia de qualidade. De família
católica, Vânia mantém a tradição da alimentação durante a Semana Santa e
assegurou o prato principal para o almoço do dia 14. “Todo ano adquiro o peixe
aqui na Feira. É satisfatório porque a gente escolhe de acordo com nossos
critérios. Assim a gente sabe de onde vem.”
Produtos
orgânicos e hidropônicos na Feira Ecosol
Na Feira não são oferecidos somente peixes, mas os acompanhamentos para uma
refeição completa e especial na antevéspera de Páscoa. Produtos da terra, como
hortaliças, legumes, sementes e grãos, bem como produtos caseiros, a exemplo de
bolachas, pães, bolos, mel e queijo, e até panos de prato artesanais, estão à
disposição da comunidade na Feira da Economia Solidária (Ecosol), junto à do
Peixe Vivo, valorizando a agricultura familiar. Em exposição estão artigos
coloridos, um sinal claro da riqueza de nutrientes, cultivados sem agrotóxicos,
de encher os olhos e dar água na boca: alface lisa e crespa, abóbora, temperos
(cebola verde e salsa), feijão preto e vermelho, aipim, batata doce, batata yacon, cenoura,
rabanete, melancia e pinhão, entre tantos outros.
O empresário Airton Beretta mora na localidade de Macacos e está presente na
Feira Ecosol com a Hidroponia Takinaga. Foram deslocados cerca de 200 quilos de
produtos para venda em Lages na quarta-feira e para quinta estão planejados
mais 300. A ideia é o cultivo de alface crespa com utilização de alternativas
benéficas ao organismo humano, como chá de marcela e óleo de neem. Ele acredita
que houve um incremento de 20% nas vendas em relação ao ano passado, uma vez
que as pessoas estão optando por itens naturais, evitando industrializados e
embutidos. “Difícil a crise chegar aos setores de gêneros alimentícios e de
vestuário. As vendas estão indo bem. Acreditamos que todos os produtos serão
negociados, conforme nossa programação”, comemora o empresário.
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