Foto: Reprodução Internet/ Meramente ilustrativa.
Alto ritmo de contágio, recordes nas mortes diárias, sistemas de saúde colapsando e lenta vacinação dão perspectiva pessimista diante da triste marca. Governadores e prefeitos anunciam medidas mais duras de restrição, mas falta direcionamento nacional para mudar números.
300.000 vidas perdidas. Trezentas mil. Este é o tamanho da tragédia brasileira em um ano de pandemia da Covid-19. Tragédia que, infelizmente, está longe de terminar e dá poucos sinais de que vai melhorar. O número de 300 mil foi atingido mesmo com mudança no sistema de notificação do Ministério da Saúde que causou atrasos no registros de mortes nesta quarta.
O país atinge nesta quarta-feira (24) mais uma marca assombrosa um dia depois de registrar, pela primeira vez, mais de três mil mortes em apenas 24 horas. E num momento de colapso nos hospitais, tanto públicos quanto privados. UTIs superlotadas desafiam profissionais de saúde já esgotados.
Os níveis de contágio seguem elevados, e governadores e prefeitos tentam conter o avanço do vírus com medidas mais duras de restrição. Ainda assim, o Brasil não chegou a viver nenhum tipo de lockdown completo, como ocorreu em outros países. Sem direcionamento nacional efetivo para lidar com a pandemia, medidas de isolamento seguem sendo desrespeitadas em larga escala.
Com dados novos de 10 estados (AL, BA, GO, MG, MS, MT, PR, RN, SP e TO) desde a véspera, o país soma agora 300.015 óbitos. Casos confirmados de Covid-19 são 12.183.338.
Esses números poderiam ser ainda maiores não fosse uma mudança no sistema de notificação de Ministério da Saúde que reduziu o número de mortes informadas pelas secretarias estaduais de saúde. São Paulo, por exemplo, notificou 281 mortes – a média até então, era de 532 mortes por dia. Mato Grosso do Sul informou 20 mortes, ante uma média diária de de 29.
Os dados abaixo indicam o quão preocupante é o cenário da pandemia no país e podem ajudar a entender a necessidade de medidas urgentes:
Os índices de ocupação de leitos de UTI no Brasil têm 'quadro extremamente crítico'. Com exceção do Amazonas e de Roraima, todos os demais estados estão na classificação de "alerta crítico" de lotação, segundo a Fiocruz.
A ameaça de falta de oxigênio hospitalar preocupa autoridades e a população. Seis estados são os mais críticos para falta de oxigênio, segundo a Procuradoria-Geral da República: AC, RO, MT, AP, CE e RN. Outros sete estão em estágio de atenção: PA, BA, MG, SP, PR, SC e RS.
Entidades da saúde estão em alerta para uma potencial crise de desabastecimento dos chamados 'kits intubação'. Medicamentos estão em baixo estoque, e a alta no preço deles chega a 1.700%.
O ritmo de vacinação no país está baixo, segundo especialistas, e também preocupa. Pela 6ª vez, o governo reduziu a previsão de doses das vacinas a serem disponibilizadas.
O ritmo de vacinação ainda lento, as mudanças no calendário de imunização e para a chegada de novas doses, além da escassez da vacina em todo mundo, dificultam a perspectiva de controle da doença.
O Brasil é o país com o maior número diário de mortes por Covid-19 desde 5 de março, quando ultrapassou os Estados Unidos. Entre as cinco nações com mais óbitos, o Brasil sempre teve uma média de mortes próxima à de México, Índia e Reino Unido.
Desde janeiro, quando o presidente norte-americano Joe Biden tomou posse e intensificou a política de vacinação, os EUA reduziram drasticamente o número diário de mortes. Enquanto isso, o Brasil passou por considerável piora nos números da pandemia. Hoje, o país tem mais mortes do que todos os 27 países da União Europeia somados.
Escalada de mortes
O registro do primeiro óbito por Covid-19 no Brasil ocorreu em 12 de março. Foram necessários 149 dias para que o número chegasse a 100 mil – marca atingida em 8 de agosto do ano passado.
De 100 mil mortos a 200 mil, em 7 de janeiro, foram outros 152 dias. O ritmo crescente dos contágios visto desde o começo do ano fez com que caísse para apenas 76 dias o intervalo até as últimas 100 mil mortes que possibilitaram a marca de 300 mil desta quarta-feira.
O ritmo assustador na alta de mortes traz consigo outras marcas tristes. A média móvel de óbitos completou 25 recordes seguidos até a terça-feira (23), quando chegou a 2.349.
G1
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