segunda-feira, 26 de julho de 2021

Quando fico sozinha, tenho um sentimento de pânico', diz catarinense que sobreviveu a enchentes na Alemanha; Veja reencontro da família


 Plano de Marcela Amandio é ficar até outubro em SC. Ela e filha de 7 anos chegaram ao Brasil na sexta-feira (23).

A catarinense Marcela da Silva Amandio, que teve a casa destruída na Alemanha durante a enchente que atingiu a cidade onde ela mora, em Bad Neuenahr-Ahrweiler, conta que, após 13 dias, as lembranças do dia ainda causam desconforto. Na sexta-feira (23) ela e a filha de sete anos retornaram ao Brasil.


Com faixas e balões a família esperava as duas no saguão do aeroporto em Florianópolis. (Veja vídeo acima).


"O voo foi cansativo. Peguei três aviões. Mas logo que eu vi a minha mãe, tudo ficou melhor. Quando eu fico sozinha, começo a ficar ruim, com um sentimento de pânico, que passa quando eu tô com o pessoal. Também, ao pensar no que aconteceu, dá um sentimento de começar do zero", afirma Marcela.

Marcela e a filha estão na casa da irmã dela em Garopaba, no Sul catarinense. O plano, segundo ela, é ficar até outubro em Santa Catarina.

"Pretendemos, sim, continuar na Alemanha. Nós lutamos tanto para isso, para garantir a educação para Olívia [a filha de sete anos]. Não vamos desistir agora", afirma.


Marido segue na Alemanha

O marido de Marcela ficou no país europeu. Na sexta, ele foi até a casa onde a família vivia para tentar organizar o local. Segundo Marcela, ele está morando com um amigo brasileiro que também abrigou a família nos dias após a enchente.


"Ela [casa] está toda vazia. Na sexta-feira, eles tiraram o barro com uma pá. Como agora parou de chover, está um barro seco e com muita poeira. A falta de luz foi um dos motivos que fizeram eu vir para cá [Santa Catarina]. Nos últimos dias, recebemos a doação de água para nos virarmos, mas ultimamente estamos usando vela e refletores para garantir a energia".


"O banho é feito em caminhões, cedidos pelos órgãos locais, com chuveiros. Meu marido disse que se sentiu na Segunda Guerra Mundial", continuou.

Marcela conta que conseguiu salvar alguns aparelhos eletrônicos, além do dinheiro que havia reservado para uma viagem que sonhava em realizar com a família. Porém, o valor teve que ser utilizado para compra de roupas e outros itens perdidos com a chuva.

"O marido dela vai ficar na cidade para achar outro apartamento para eles morarem. Parece que a energia para voltar de maneira total só daqui a três meses. Ele terá que fazer toda a parte burocrática. Ele também vai ter que ver como ficará o emprego dele", disse a mãe de Marcela, Christiani Alves da Silva, que mora em Turvo, no Sul catarinense.


Nas ruas da cidade, é possível ver bastante poeira e entulhos em frente às casas.

'Não morri afogada, mas fiquei com medo de morrer de frio'

Marcela relatou as dificuldades que passou para sair do imóvel durante a enchente. A família também teve que enfrentar uma temperatura de 13ºC. Durante o período em que ficaram ilhados na laje do telhado do apartamento de outra vizinha, Marcela mandou vídeos para a mãe mostrando o local onde tiveram que esperar a água baixar para serem resgatados. (veja abaixo).


"Foi a pior noite da minha vida, não desejo para ninguém. Eu não morri afogada, mas fiquei com muito medo de morrer de frio. A gente se abraçou a noite toda e foi o que nos manteve aquecidos", disse Marcela.

A família ficou das 23h até as 6h abrigada na laje. Marcela conta que, assim que a água baixou um pouco, dois homens utilizaram uma escada e uma mesa para chegar até onde a família estava. A água, segundo ela, só desceu completamente por volta das 10h.


“Foi uma noite de pânico, que eu nunca mais quero lembrar. Mas agradeço por estar viva", afirma Marcela.,

As fortes enchentes transformaram ruas em rios com correntezas violentas, que varreram carros, arrancaram árvores e causaram o desabamento de algumas edificações. Represas correm o risco de se romper na Alemanha e na Bélgica.


Na Europa, 196 mortes foram causadas pelas enchentes, segundo balanço atualizado divulgado em 19 de julho. Na Alemanha, foram 165.




G1SC

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