Ao
todo são sete trilhas. Os percursos vão desde dez minutos de caminhada até
trilhas com cerca de três horas, com subidas e descidas, passagens por riachos,
pinguelas e toda a exuberância da natureza intacta
Considerado
a maior reserva de mata araucária do país, com 210 mil metros quadrados de mata
fechada, com flora e fauna nativa da região, o Parque Natural Municipal João
José Theodoro da Costa Neto atrai diariamente visitantes, turistas, biólogos e
estudantes que realizam pesquisas e aulas prática no local. Nesta semana duas
turmas do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado
de Santa Catarina (Udesc) agendaram visita com fins científicos. Na
segunda-feira (13) pesquisadores do curso de mestrado em dendrologia (ramo da
botânica) percorreram a área e, na terça-feira, foi a vez dos alunos do curso
de engenharia ambiental, na disciplina de ecologia, realizar seus trabalhos
universitários no local.
Eles
percorreram uma trilha que dá acesso a uma cascata, passando em meio à mata
repleta de araucárias centenárias e outras espécies típicas da região. Quem
tiver sorte ainda pode encontrar pelo caminho pegadas de leão baio, araras,
aves exóticas, bugio, lagartos, marrecos e outros exemplares da natureza
intacta e preservada das ações do homem. O grupo de estudantes se deslumbrou
com uma colmeia de abelhas da espécie apis
mellífera, abrigada no tronco de uma araucária com idade estimada
em 300 anos, segundo o gerente do parque e engenheiro agrônomo Giovanni
Tomazelli.
O parque a
cada dia ganha mais notoriedade. “E vem atraindo muitas universidades que veem
a área como um excelente laboratório vivo para suas pesquisas e melhor ainda,
divulgando a Serra catarinense e a diversidade do seu ecossistema”, comenta o
agrônomo. Para a professora Joseane Teresinha Cardoso, a área é uma excelente
fonte de pesquisas e trabalhos com fins didáticos, aliando a teoria repassada
em sala de aula à prática. “É muito importante termos parques como este tão
próximo do perímetro urbano, facilitando nosso trabalho”, destaca.
Os 35
universitários foram separados em grupos e incumbidos pela professora de tomar
dados como a temperatura do ambiente, luminosidade, análise do solo e umidade
relativa. A estudante Iana Morgan Lorenzetti anotava tudo, atenta às
características próprias do parque. “É uma oportunidade para os futuros
engenheiros ambientais ter esse contato direto com a natureza para que possam
fazer suas análises”, diz.
Natureza
exuberante
Ao todo
são sete trilhas ecológicas que podem ser exploradas pelos visitantes, sempre
orientados por um guia que trabalha no parque. Os percursos vão desde dez
minutos de caminhada até trilhas com cerca de três horas, com subidas e
descidas, passagens por riachos, pinguelas (pontes de madeira estreitas) e toda
a exuberância da natureza intacta. Além das araucárias centenárias, é possível
encontrar espécies de xaxins milenares. Giovanni explica que plantas como essa
crescem lentamente, com cerca de um centímetro ao ano, e no parque há
exemplares com até 12 metros de altura, sendo os mais comuns com cinco metros.
“Com esses comparativos percebemos a riqueza da vegetação preservada”, avalia.
O parque
natural conta com três cascatas, sendo duas delas de difícil acesso, através
das trilhas mais extensas. Ao longo do percurso foram plantadas recentemente
cerca de 300 mudas de árvores nativas, como o araçá, ipê, goiaba serrana e
cerejeira, doadas pelo projeto Carbono Social em Rede, do Centro Vianei de
Educação Popular.
Nova
sede
O Parque
Natural recebe em média, a cada semana, 40 a 60 visitas de grupos de
universitários, agendamento de escolas, pesquisadores, turistas e a comunidade
em geral. No fim do ano passado foi concluída a construção da nova sede
administrativa do parque, que recepcionará os visitantes. Dentro de algumas
semanas será adquirida a mobília quando então será marcada a data da
inauguração oficial.
O
mobiliário, que será comprado com recursos do Conselho Municipal do Meio
Ambiente (Comdema), seguirá preceitos de sustentabilidade. “Serão móveis
rústicos, com madeira tratada, de acordo com as características do parque.
Teremos um ambiente aconchegante, com foco na educação ambiental e o
aproveitamento técnico do local”, afirma Giovanni Guesser.
O prédio
contará com uma sala de recepção, uma sala administrativa e um pequeno
auditório com 30 cadeiras, um aparelho televisor, um de DVD e um Datashow para trabalhos
de educação ambiental, palestras, vídeos e documentários. Em frente à sede, uma
antiga nascente, que acabou se transformando em um banhado, está sendo
recuperada em formato de lâmina d’água. O lago atrai aves como marrecos e
pássaros nativos.
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