Assinatura da proposta
acontece nesta quinta-feira, 24, no Palácio Cruz e Souza. Ato integra
Semana da Consciência Negra
Corrigir uma injustiça
cometida há 133 anos contra o poeta João da Cruz e Sousa é o objetivo de um
projeto de lei que será apresentado pelo deputado estadual Dirceu Dresch (PT).
A proposta, que será protocolada em uma cerimônia no Palácio Cruz e
Sousa, em Florianópolis, neta quinta-feira (24), às 11 horas, reconhece
simbolicamente o poeta catarinense como Promotor Público, direito que lhe foi
negado na época devido à cor da sua pele.
Conforme Dresch, que preside
a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia legislativa, a proposta nasceu do
debate com entidades do movimento negro. O ato integra a programação da Semana
da Consciência Negra e a data escolhida coincide com a do nascimento do poeta.
"Estamos revendo a história, as injustiças com o povo negro.
Simbolicamente, vamos corrigir uma injustiça com esse título póstumo ao poeta
negro Cruz e Sousa."
História
Em 1883, durante a
monarquia, o então Presidente da Província de Santa Catarina, Francisco Gama
Rosa, nomeou João da Cruz e Sousa Promotor Público de Laguna, mas o poeta
não pôde tomar posse do cargo devido à pressão de políticos locais, que
não aceitaram um negro ocupando o cargo. Pesou ainda o fato de que, na época,
Cruz e Sousa já se destacava como fervoroso conferencista em prol da abolição
da escravatura.
João da Cruz e Sousa
nasceu em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, no dia 24 de novembro
de 1861. Filho de escravos alforriados, faleceu pobre em 1898, no
interior de Minas Gerais, vítima de tuberculose. Criado junto à família do
marechal Guilherme Xavier de Sousa, teve acesso a uma educação refinada,
aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz
Müller, com quem aprendeu matemática e ciências naturais.
É considerado o mais
importante escritor do período simbolista. Suas obras Missal (1893) e Broquéis
(1893) são consideradas o marco inicial do simbolismo no Brasil, que perduraria
até 1922, com a Semana de Arte Moderna. Também publicou Tropos e
Fanfarras (1885), Evocações (1898), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905).
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