Edital de
Culturas Populares - Edição Selma do Coco terá oficina na Fundação Cultural de
Lages
R$ 10 milhões de
reais é o total do 6º Prêmio Culturas Populares do Ministério da Cultura
O
Ministério da Cultura (MinC) vai premiar quem trabalha diariamente para
fortalecer e dar visibilidade a atividades culturais de todo o Brasil, como o
cordel, a quadrilha, o maracatu, o jongo, o bumba meu boi e o cortejo de afoxé,
entre muitos outros. O 6º Prêmio Culturas Populares vai destinar R$ 10 milhões
a 500 iniciativas culturais de mestres, mestras, grupos e instituições privadas
sem fins lucrativos. Esta edição também reconhecerá ações em acessibilidade
cultural. Cada um dos vencedores vai receber R$ 20 mil, o dobro do ano passado.
As inscrições podem ser feitas até 13 de junho, pela Internet ou via postal, sendo que começaram em 30 de abril.
Serão 200
prêmios para iniciativas de mestres e mestras (pessoa física); 180 para
iniciativas de Grupos sem CNPJ; 70 para pessoas jurídicas sem fins lucrativos;
30 para pessoas jurídicas com ações comprovadas em acessibilidade cultural, e
20 para herdeiros de mestres e mestras já falecidos (in memoriam). A premiação havia ficado suspensa desde 2012 e foi
retomada no ano passado, quando obteve número recorde de premiados (500) e de
inscritos (2.862).
Lages
receberá no dia 8 de junho (sexta-feira) uma oficina com o objetivo de
esclarecer os pontos do edital. O trabalho será desenvolvido pelo técnico do
MinC, Alexandre Gouveia Martins, às 19h, no Auditório Mário Augusto de Sousa na
FCL e a participação é gratuita.
A homenageada de 2018
Nascida
em 1929 na cidade de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, Selma Ferreira da
Silva, a Selma do Coco, deixou como principal legado a sua contribuição para a
consolidação do coco, ritmo típico do Nordeste brasileiro, como referência
nacional, tendo gravado dois CDs, e participado de festivais internacionais nos
Estados Unidos e na Europa, além de ter ganhado o antigo Prêmio Sharp, hoje Prêmio da Música Brasileira.
Selma
do Coco teve contato com a música tradicional pernambucana ainda criança, nas
festas juninas que frequentava com os pais. Aos dez anos mudou-se com a família
para Recife. Casou-se e teve 14 filhos, dos quais apenas um chegou à vida
adulta. Dos demais, dez morreram recém-nascidos, dois durante o parto e um em
um acidente de caminhão, que também vitimou seu marido. Além dos filhos, também
ajudou na criação de quatro sobrinhos.
Já
viúva, mudou-se para Olinda. No Alto da Sé, cantava o coco enquanto trabalhava
com a venda de tapiocas. A cantoria, inicialmente solitária, aos poucos se
transformou em rodas de coco, realizadas no fundo do quintal da casa da
artista. “Aos poucos, as pessoas foram gostando, as rodas ficaram cada vez mais
cheias e assim minha avó foi ficando conhecida”, conta a neta Raquel Marta, 37
anos.
“Ocupo
com muito orgulho o lugar dela”, destaca Raquel, que é vocalista do grupo Coco
de Selma. “Além de fisicamente parecida, minha voz também se parece muito com a
de minha avó”, afirma. “Ela era uma mulher guerreira, uma grande mestra do
coco. Tinha grande amor pelo trabalho. Eu e várias outras pessoas do coco nos
espelhamos nela”, destaca.
Gravou
o primeiro CD - Coco de Roda, o elogio da festa - em 1995. Em 1996,
apresentou-se pela primeira vez a um grande público, durante o Festival Abril
pro Rock, em Recife. O segundo CD -
Cultura Viva - foi gravado em Berlim, em 1997, e relançado no Brasil em 1998
com o nome Minha História. Pela obra, que traz os sucessos A Rolinha, Santo
Antônio e Dá-lhe Manoel, recebeu, em 1998, o então Prêmio Sharp, hoje Prêmio da Música Brasileira. O terceiro CD, Jangadeiro,
saiu em 2004.
Participou
do Festival Lincoln Center, em Nova
York, e do New Orleans Jazz &
Heritage Festival, em Nova Orleans, entre outros festivais, e se apresentou
em diversos países, como Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Suíça e Portugal.
Em 2007, recebeu a Ordem do Mérito Cultural (OMC), principal condecoração
pública da área da cultura, entregue pelo Ministério da Cultura (MinC). Faleceu
em 9 de maio de 2015.
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