Política e futebol
Por Leonardo Secchi –
Professor de Administração Pública
Estamos na semana da Copa do Mundo, mais uma que coincide
com as eleições gerais no país. Aliás, desde 1994 o Brasil elege um novo
presidente no mesmo ano em que o mundo conhece um novo campeão no futebol.
Tanto o evento esportivo quanto o democrático acontecem a cada quatro anos,
assim como Olimpíadas e eleições municipais coincidem a cada dois.
Há quem duvide da coincidência das datas, os que veem uma
estratégia do governo para desviar a atenção do povo e até os que torcem contra
a seleção ou mesmo desligam a TV em protesto político. Por outro lado, tem
também os torcedores/eleitores que não veem correlação alguma, os que usam o
esporte como remédio para se desligar um pouco do caos político e os que acreditam
que o resultado em campo pode influenciar o das urnas. Qual destes brasileiros
é você?
Copa e eleições
Sou daqueles que gostam de futebol e de política, que não
conseguem dissociar a Copa das eleições, mas também aquele brasileiro que não
vê uma vitória ou uma derrota dentro de campo como fator determinante para
eleger ou não um presidente. E neste quesito, a história me ratifica. Só em
1994, quando o Brasil foi tetracampeão, após 24 anos de jejum de títulos,
Fernando Henrique Cardoso foi eleito com seu projeto do Plano Real e chegou a afirmar
que a vitória da Seleção foi importante para deixar a nação otimista em relação
ao sucesso da moeda e, consequentemente, ao seu nas urnas.
Depois daí, a correlação se desfez. Em 1998, FHC foi
reeleito e o Brasil perdeu o Mundial para a França; em 2002, a Seleção venceu a
Alemanha, tornou-se pentacampeã, enquanto a oposição conquistava o governo com
o presidente Lula; quatro anos depois, Lula foi reeleito e o Brasil nem chegou
à final, foi eliminado pela França nas quartas-de-final; em 2010, o Brasil
perdeu para a Holanda e a candidata do governo (Dilma Rousseff) venceu as
eleições; o mesmo aconteceu em 2014, com a Seleção levando 7 a 1 da Alemanha e
o governo reelegendo Dilma.
Falta pouco para
outubro
Em 2018, em meio à uma crise política e a quatro meses das
eleições, o governo tem uma das maiores rejeições da história, tanto que ainda
não conseguiu um candidato que o de fato defenda. O descrédito da classe
política arranhada pela corrupção é tão grande que o técnico da Seleção
Brasileira, Tite, chegou a pedir para não atrelar futebol à política.
É claro que Tite estava falando da política eleitoral,
mercantilista, corrupta que, infelizmente, também está dentro da Fifa, da CBF e
do esporte como um todo. Porém, quando falamos da política em sua essência, da
arte ou ciência de governar, que mal há em vestir a camisa verde e amarela,
gritar pelo gol em campo ou na urna, torcer pelo caneco, por um país mais justo
e por um presidente melhor?
Nossa escalação
Não há como dissociar, até porque a mesma camisa que será
defendida em campo foi e, ainda é, a usada em protestos nas ruas. Da mesma forma
que a lista dos jogadores que irão nos representar na Copa, teremos a escalação
em outubro dos nossos representantes públicos. Qual time queremos eleger? Qual
seleção queremos vitoriosa? Há um simbolismo popular no esporte que é uma
verdadeira analogia à vida e isso tem tudo a ver com política: mais importante
que os títulos conquistados é saber como você chegou até eles.
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