Um programa estadual capacitou mais de 2,5 mil jovens que vivem em abrigos de Santa Catarina. Cursos de capacitação são oferecidos e o programa também tem parceria com 72 empresas para empregar os acolhidos e ex-acolhidos. Atualmente, 64 jovens que já passaram pelo acolhimento estão empregados pelo sistema.
"O nosso trabalho, o nosso empenho é de acompanhar esse jovem, dar um suporte para que ele possa ter um emprego, um trabalho, uma estrutura para ele ter uma vida autônoma, como a gente sempre fala, uma vida digna e autônoma, para que ele não seja cooptado pela criminalidade", afirma a desembargadora do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), Rosane Portela Wolf.
Trabalhando como jovem aprendiz, Leda* tem 17 anos e acredita que ganhou mais independência participando do programa.
Ela, assim como 1.300 crianças e adolescentes, vive em uma das casas de acolhimento do estado. Inscrita no programa, ela já está empregada na área administrativa de uma empresa e faz planos.
"Eu ganhei mais responsabilidade, mudou a minha rotina de casa, ganho um salário do mês. Esse trabalho representa para mim felicidade. Ver que eu to conseguindo cada dia mais realizar os meus sonhos, vindo trabalhar e feliz. Poder falar pras pessoas eu to trabalhando e que eu consegui o que eu queria na área administrativa", afirma Leda.
O projeto Novos Caminhos é uma iniciativa da Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude (Ceij) do TJSC.
O programa tem como finalidade desenvolver as potencialidades e contribuir para a construção da autonomia dos adolescentes com idade acima de 14 anos, que se encontram ou passaram por medida protetiva de acolhimento, a fim de proporcionar-lhes a perspectiva de uma vida adulta com qualidade e dignidade.
O setor industrial é o que mais recebe os jovens, logo após vem o comércio.
"Então, na minha jornada de formação eu posso fazer um curso técnico, eu posso já ser inserido no mercado de trabalho. Quando estiver fazendo curso técnico, eu posso fazer um estágio, eu posso estar fazendo um ensino médio eu posso estar me candidatando a estágio. Então é nessa primeira etapa que a gente da todo esse leque de oportunidade pra esse adolescente, para que ele possa realmente ser inserido", explica a líder do programa Novos Caminhos, Rosana Baron.
O programa
Ao ingressarem no "Novos Caminhos", os jovens são acompanhados individualmente e encaminhados a programas de escolarização, profissionalização e atividades complementares.
Os cursos de formação são ofertados pelo Sistema Fiesc, por meio do Serviço Social da Indústria de Santa Catarina (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), e pela Fecomércio, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
Após concluírem os módulos de capacitação, os jovens são encaminhados ao mundo do trabalho.
Após o acolhimento
O Anderson Ricardo deixou o acolhimento e contou com o programa para conseguir uma vaga como jovem aprendiz em uma empresa de São José, na Grande Florianópolis. Atualmente, ele é auxiliar de almoxarifado efetivado.
"Eu fiquei super feliz, né? Meu Deus, entrar no mundo do trabalho, crescer né? Crescer na vida", conta Anderson.
Pela lei, quando a pessoa atinge os 18 anos é hora de deixar os abrigos. Para poder começar a trilhar o caminho, muitos deles necessitam de ajuda para entrar no mercado de trabalho.
"Toda a sociedade sai ganhando. o jovem que se introduz no mercado de trabalho, é mais uma renda que está sendo gerada aí, mais um trabalho que está sendo gerado. a empresa que absorve esse jovem no mercado de trabalho, mais uma mão de obra qualificada de uma pessoa que quer trabalhar, quer ter a oportunidade de mostrar o seu trabalho. e a sociedade de um modo geral. todo mundo ganha com isso", afirma o assessor de responsabilidade social da Fiesc, Sandro Volpato Faria.
Acolhimento
Em situação de vulnerabilidade, os moradores das casas de acolhimento já enfrentaram problemas psicológicos e físicos.
"A minha mãe não tava com tanto dinheiro, não tinha condições de pagar comida e ela começou a me vender", disse uma acolhida.
O TJSC é quem determina que a criança ou o adolescente vá pra um abrigo. Atualmente são 700 crianças com até 12 anos estão em casas de acolhimento e 600 adolescentes.
"Assim que o poder judiciário toma conhecimento dessas situações é obrigação do poder público, do judiciário, do ministério público tomar essas decisões no sentido de abrigar essas crianças. retira-las desses locais onde elas possam estar sofrendo essas diversos tipos de violência ou abandono e abriga-las. Então, a partir daí, toda criança vai ser acompanhada por um processo judicial ate eventualmente ela ser ou não adotada", conclui Rosane Portela Wolf.
G1SC
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