Projeto
de autoria do deputado Fernando Coruja dá novo status legal aos cães e gatos,
que passam a ser reconhecidos como seres sencientes, sujeitos de direito, que
sentem dor e angústia, o que constitui o reconhecimento da sua especificidade e
das suas características face a outros seres vivos.
Em sua
justificativa Coruja diz que cães e gatos são seres sencientes,
porque são dotados de sistema neurossensitivo, que os fazem receptivos
aos estímulos externos e ambientais, o que os impinge à condição de vítima em
casos de crueldade, sofrimento, agressão, atentado à vida, à saúde ou à
integridade física ou mental. Analisando o direito brasileiro, Coruja esclarece
que, como na maioria dos países cuja legislação deriva do direito romano,
no Brasil os animais são classificados, no Código Civil, no Livro III, que
trata do Direito das Coisas, como semovente (coisas que se movem por si
próprias).
"Como
coisas, os animais são objetos de direito e propriedade do Estado, no caso de
silvestres, e particular, no caso das outras espécies. Isso torna bastante
complicada a situação em que o animal é maltratado por seu proprietário, pois
mesmo que esse proprietário seja acionado e condenado pelo crime de
maus-tratos, o animal não poderá ser-lhe retirado, a não ser que seja um animal
silvestre nativo porque, neste caso, por disposição legal, o proprietário é a
União", informa Coruja.
Sobre não
haver provas cartesianas da senciência animal, Coruja lembra que "não há
provas cartesianas da ausência de senciência nos animais. Na dúvida, nossa
responsabilidade é evitar sofrimento potencial, especialmente em virtude das
evidências genéticas, evolutivas, anatômicas, fisiológicas, comportamentais e
baseadas no bom senso, que indicam fortemente que os animais, minimamente os
vertebrados, compartilham conosco a capacidade de sentir".
O
deputado esclarece, ainda, que para uma mudança efetiva legal na abordagem
relativa aos animais, faz-se necessário alterar o Código Civil brasileiro, o
que é uma prerrogativa do Congresso Nacional. "Entendemos, porém, que uma
alteração na legislação estadual, em que esta passe a considerar os cães e
gatos como animais sencientes e, portanto, com direitos ainda não prescritos em
lei, é possível de ser feita pelo legislador estadual".
Coruja encerra a
justificativa dizendo que "os cientistas já derrubaram a barreira
conceitual entre homens e animais. Assim, cabe a nós, legisladores, fazermos o
mesmo".
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