Foto : R7.
Instituto Butatan faz mutirão para a realização de testes RT-PCR em shopping na zona sul de São Paulo; famílias chegam de madrugada na fila.
O Instituto Butantan aumentou para 400 o número de testes diários para diagnóstico de covid-19 realizados gratuitamente no shopping SP Market, na zona sul da capital paulista.
A ação, voltada para a identificação de pessoas assintomáticas, vai até segunda-feira (10) e a procura tem sido altíssima, com famílias que chegam de madrugada ao estacionamento do local e até dormem dentro de seus carros para garantir uma senha e fazer o exame.
No entanto, Alessandro dos Santos Farias, professor do Instituto de Biologia e Coordenador da Frente de Diagnóstico da Força-Tarefa de enfrentamento ao novo coronavírus da Unicamp, pondera que realizar o teste RT-PCR por iniciativa própria tem pouca utilidade.
Isso porque o exame, considerado "padrão ouro" para diagnosticar a covid-19, é como uma foto daquele instante exato. "Tem pessoas que se sentem mais confortáveis, mas o teste é uma coisa de momento. Ela [a pessoa] pode se contaminar depois, ao sair dali, no outro dia. Individualmente não tem muito benefício", analisa.
O especialista acrescenta que a quantidade de testes do mutirão "é basicamente nada" se comparada a toda a população da cidade de São Paulo. De quinta-feira (30) até terça-feira (04), o limite era de 200 testes por dia. Com a ampliação, será possível fazer exames em 3.600 pessoas. A capital paulista tem mais de 12 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Ele ressalta que a testagem em massa para diagnóstico deveria ser uma política adotada pelo governo federal contra a pandemia de covid-19, pois identificar em larga escala pessoas assintomáticas permite saber como será a evolução da epidemia. Elas dizem "o que pode acontecer nos próximos dias", resume.
"Sem fazer teste você não tem nenhuma previsão confiável para controle [da disseminação do vírus]", enfatiza. "Testar assintomático é a medida mais efetiva para tomar decisões de flexibilização", completa.
Já a infectologista Ingrid Cotta, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma que a iniciativa é uma estratégia de saúde pública que traz vantagens individuais e coletivas, mesmo com o pouco alcance.
"[A pessoa] vai saber se está infectada e transmitindo o vírus, mesmo estando assintomática. Muitos estão preocupados, essa é uma forma de acalmá-los. E vai gerar dados para que o governo do Estado fortaleça o combate à covid-19". avalia.
Farias, por sua vez, ainda destaca que o exame pode falhar se for realizado entre o primeiro e o segundo dia de sintomas, mesmo sendo considerado o melhor para diagnóstico da doença causada pelo novo coronavírus.
Esse problema ocorre por duas razões: a amostra coletada da garganta e do nariz pode não ser suficiente ou a carga viral presente nesse material ainda é muito baixa para ser detectada, De acordo com o professor, a sensibilidade do teste é maior entre o terceiro e o quinto dia de sintomas da covid-19.
Fonte: R7
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