Estive
lá e me emocionei com o envolvimento e engajamento de todos junto aos mais de
1.700 atletas com delegações de 62 municípios.” Capela
A superação
dos atletas lageanos participantes dos 11ºs Jogos Abertos Paradesportivos de
Santa Catarina (Parajasc), entre os dias 25 e 30 de abril, em São Miguel do
Oeste, foi reconhecida na noite desta terça-feira (12). Uma homenagem com
jantar de confraternização entre esportistas, professores das Associações dos
Deficientes Visuais do Planalto Serrano (Adevips), dos Deficientes Físicos
(Asdf), de Pais e Amigos dos Surdos Apas), de Pais e Amigos dos Excepcionais
(Apae) e Associação Esportiva
e Paradesportiva de Lages
(Asesp) e familiares, no Clube Caça e Tiro 1º de Julho, pela Fundação Municipal
de Esportes (FME), marcou a noite.
A
expectativa da delegação era conquistar pelo menos 25 medalhas no quadro geral
da competição, mas os números surpreenderam e os lageanos voltaram para casa
com 46 medalhas no peito - 20 de ouro, dez de prata e 16 de bronze, o melhor
desempenho de Lages no Parajasc até hoje, com a presença de 54 paratletas,
portadores de deficiências física, visual, auditivo e intelectual. A delegação
ficou em 10º lugar na classificação geral. Este ano não houve equipe lageana
para competir nas modalidades de quadra, como basquete para cadeirante e
futebol de salão para cegos, o goalball.
Os
lageanos participaram das modalidades de atletismo (DF, DV e DI) masculino e
feminino, bocha paraolímpica e bocha rafa (para os cegos) masculino e feminino,
natação (DF) e jogos de mesa com o xadrez (DF e DV). Os deficientes físicos
foram tricampeões de xadrez no Parajasc e os visuais conquistaram prata. Pela
primeira vez obtiveram o terceiro lugar na classificação geral, porém, já
haviam vencido em edições anteriores recebendo medalhas de ouro e de prata.
A Adevips
foi 2º lugar geral no xadrez masculino, com a dupla Adilson Mendes França e
Gilmar De Lorenzi. Destaque também para Adriane Küster, prata no lançamento de
dardo e bronze nos 100 metros rasos. “Os resultados foram gratificantes e
significativos para o nosso município. Em anos anteriores tivemos uma delegação
formada por um número maior de atletas e o desempenho esteve bem aquém deste de
São Miguel do Oeste”, comemora o chefe da delegação, Jaime Refinski. “Foram
atletas de 17 a 75 anos”, conta.
Cada
associação recebe uma parte do material para treinamento. Há atletas que
utilizam o estádio municipal e outros usam o ginásio Jones Minosso. O professor
da Apae, Fabrício Matos, enfatiza a gratidão. “Agradecemos à prefeitura pelo
apoio que dá às associações”, resume.
Município
ampara atletas
O prefeito
interino Toni Duarte ressalta que os atletas combatem a discriminação e o
preconceito, tornando o mundo mais inclusivo e participativo. “Competiram com
cidades que contam com maiores recursos e melhores estruturas. Vocês são
verdadeiros campeões, independentemente do resultado”, frisa.
O superintendente
da FME, José Maximiliano Cappelletti Batalha (Capela), acredita que a homenagem
reconhece a performance dos paratletas. “Estive lá e me emocionei com o
envolvimento e engajamento de todos junto aos mais de 1.700 atletas com
delegações de 62 municípios. Eram equipes fortíssimas e com alto número de
componentes. Na bagagem, premiações incríveis. Eles e a cidade estão de
parabéns”, destaca.
Nacionalmente
vencedor, o paratleta Antonio Clodoaldo, o Caio, tem 40 anos e coleciona
premiações em sua casa, apesar de ter iniciado tardiamente no esporte, aos 35
anos. Caio foi vítima de poliomielite aos 8 meses, o que provocou a paralisia
de seus membros inferiores. Dedicado ao atletismo, participou de lançamento de
disco e de dardo e arremesso de peso. Este foi o 6º Parajasc. A equipe
conquistou 18 medalhas de ouro, sete de prata e 11 de bronze e no individual,
três de ouro.
Nas
edições anteriores ele conquistou seis ouros no disco; cinco ouros no dardo e
cinco ouros no peso. Caio é tricampeão brasileiro no lançamento de disco no
Circuito Loterias Caixa de Atletismo. É dele o recorde brasileiro com 34,14
metros, em 2013. “Minha casa pegou fogo e acabei perdendo algumas premiações,
tinha uns dez troféus e 30 medalhas. Agora devo ter umas 50 medalhas e dois troféus”,
relata.
Esporte
é vida
Rita
Wolff, 48 anos, portadora de deficiência visual congênita, é professora e
psicóloga. Esportista desde os seus 7 anos de idade - seu primeiro prêmio veio
com 9 anos -, participou do Parajasc na bocha e a equipe conquistou o 4º lugar.
Do Parajasc ela faz parte há 11 anos e já ganhou quatro premiações. “Na edição
de Brusque ganhamos o primeiro lugar. Da Copa dos Cegos sempre temos muito mais
medalhas. Participamos da Fecadesc (Federação Catarinense de Desportos de Cegos
e Baixa Visão) também, quando competimos em bocha, corrida, como a de dois mil
metros, 1.800 e 100 metros, lançamento de dardo ou arremesso de dardo. Em
corrida tenho 30 medalhas de 1º lugar. Sempre joguei bocha. Melhor que uma
medalha é a amizade, somos uma família”, garante.
A atleta
treina às quartas e sextas-feiras, na cancha da Associação dos Aposentados e
Pensionistas. “Competiremos nos dias 21, 22 e 23 de junho em Joinville, onde
haverá bocha, ciclismo e xadrez. O esporte nos dá autonomia. O esporte é vida,
é integração”, conclui. Aos 75 anos, o professor aposentado Diomário Tavares,
que tem uma perna mecânica devido a um acidente de trânsito quando dirigia uma
moto, há 27 anos. Em São Miguel do Oeste jogou xadrez e conquistou o
hexacampeonato com sua equipe.
Tavares
foi fundador da escolinha de xadrez da Escola de Educação Básica (EEB) Rubens
de Arruda Ramos. “Participo do Parajasc desde o começo. Eu pratico esporte
desde os 18 anos. Fui incentivado pelo Marco Cordeiro e por Daniel Rosa. Tenho
20 troféus no total e quatro quilos de medalhas, o que dá 80 medalhas, com
vitórias no Parajocol, Jogos Abertos, entre outros campeonatos”, finaliza.
Legenda: O
prefeito Toni ressalta que os atletas combatem a discriminação e o preconceito,
tornando o mundo mais inclusivo e participativo (Foto: Marcio Avila)
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