quarta-feira, 13 de maio de 2015

Santíssima Catarina amplia horizontes e leva marca à Espanha e Nova Iorque

O mercado é formado por parcerias em Lages e em Balneário Camboriú e há dois anos os são exportados para Ibiza, na Espanha. Até setembro será consolidada parceria para entrada em Nova Iorque

Qual mulher nunca sonhou em desfilar pelas ruas com sapatos lindos e exclusivos, com a certeza de que não verá mais ninguém com o mesmo look nos pés? Com esse pensamento, a empresária Brianna Betina Pelegrini, 28 anos, decidiu ousar. A série de reportagens “Lages, um bom negócio” conta a história da empresa Santíssima Catarina Sapatos, Artigos de Couro e Ateliê de Peças Exclusivas e Sob Medida, sediada no bairro São Cristóvão há quatro meses, e existente há três anos. O nome e a coroa da logomarca é uma mistura de valorização do Estado com homenagem à arte sacra de Catarina de Alexandria, santa e mártir cristã, uma notável intelectual no início do século IV, morta ao ser decapitada.
Brianna, engenheira ambiental formada pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Balneário Camboriú, comemora os resultados que, embora pareçam repentinos, são frutos de um trabalho árduo, iniciado no Programa Empreender Lages, da prefeitura, que concede incentivos fiscais para as empresas recém-formalizadas, proporcionando que invistam os recursos economizados com despesas burocráticas e tributárias, alçando voos e conquistando autonomia. Há seis meses a Santíssima Catarina adquiriu a empresa Josi Uniformes Profissionais e Escolares e Vestuário Social, que funciona no segundo andar do mesmo prédio, famosa na cidade e em atividade há 12 anos.

O princípio
Da sociedade fazem parte Brianna e sua mãe Rosângela Cordeiro. “Tudo aconteceu por acaso. Minha mãe teve formação acadêmica na área de pedagogia e seguiu carreira. E eu abri uma empresa com um colega em Florianópolis, porém, ele sofreu um acidente e as coisas começaram a andar devagar. No começo eu queria fazer coleções de vestuário”, recorda a empresária. Começava aí, mesmo sem Brianna prever, um divisor de águas na sua vida.
Sua mãe confeccionou a primeira alpargata gaúcha estilizada a partir de um calçado original com aplicações de tecido, com paetês brancos de um vestido da própria Brianna. “Ela forrou a alpargatinha aberta, que nominamos de ‘Encantada’. Temos ela até hoje e iremos emoldurá-la. Minha mãe veio para Lages, e eu também, de Balneário, onde morei por dez anos. Ela me mostrou o que havia feito. Sempre gostei de coisas diferentes e comecei a usá-la em Balneário. Chamava a atenção de todo mundo. Fui numa festa numa boate com a alpargata combinando com um vestido tubinho. É uma boate frequentada por meninas de Florianópolis, Curitiba, São Paulo, com poder aquisitivo maior. Elas ficaram loucas e me imploraram por alpargatas estilizadas”, relembra.
Chegou ao ponto de, numa festa de família em Lages, ela ter dez peças vendidas de algo que nem produzia ainda. Aí, mãe e filha decidiram terceirizar a produção com a Joelma Artigos Gauchescos, na avenida Marechal Floriano. “Eu criava o design e eles faziam tudo o que eu não conseguia. Aprendi a cortar, colar, fazer palmilha, montar a peça. Eu fazia 50 peças e em uma semana vendia tudo em Balneário Camboriú. A produção foi crescendo rápido. Foi aí que eu vi que renderia dinheiro e a luz do empreendedorismo acendeu”, explica. A mãe da empresária investiu na estrutura da loja do parceiro e adquiriu três máquinas. Inspirando Brianna, além de outras, estão produções australianas de calçados. Hoje, com a Josi, são 16 funcionários – seis da Santíssima.

Mais de dois mil pares feitos
Focada na produção de inverno, a Santíssima Catarina está produzindo botas, o que significa ser um produto mais demorado para ser confeccionado por conta da sua complexidade na elaboração. Com a capacidade de produção máxima a vapor, são fabricadas em torno de 250, mensalmente, sendo que o prazo de entrega é de 30 dias. E nas estações quentes dobra-se o número de peças (alpargatas) feitas. Mais de dois mil pares já foram fabricados em três anos. “Hoje fazemos dez peças por dia, saindo 50 por semana. São calçados exclusivos, nenhuma peça é igual à outra, não há produção em série, desde a palmilha, cadarços, etiquetas”, garante.
As matérias-primas são o couro, sisal - acabamento de fibra natural, lã, tecidos de estampas diversas como o jeans, renda, algodão, paetê. Com exceção da costura, o restante do processo, altamente complexo e a partir de células de etapas fabris, é feito à mão. “Pouquíssimas coisas compramos aqui na cidade pelo valor agregado, pois não é polo. Quase a totalidade dos produtos vem de Novo Hamburgo (RS), como os calçados e o couro. Outros vêm de São Paulo”, informa. A empresa fabrica ainda jaquetas e bolsas de couro.

Ibiza e Nova Iorque
O mercado é formado por parcerias em Lages e em Balneário Camboriú e há dois anos os produtos Santíssima Catarina são exportados para Ibiza, na Espanha, com comercialização por uma brasileira proprietária de loja. Até setembro será consolidada parceria com uma catarinense em Nova Iorque, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), iniciativa em que estão sendo levadas marcas brasileiras para os Estados Unidos. As peças são distribuídas para lojas e boutiques que trabalham com produtos exclusivos.
Em Lages é possível encontrar calçados da marca nas lojas Mezzalira Mix, Zoogy Moda Infantil e Juvenil, Pitanga, Magnólia e a própria Santíssima Catarina, onde podem ser escolhidas e compradas opções prontas, assim como serem feitas encomendas personalizadas. Em Balneário são encontrados na La Boutique e em Ibiza, na La Ibiza.
As alpargatas da Santíssima foram usadas por uma atriz da Rede Globo, Polliana Aleixo, que interpretou Bárbara, da novela “Em Família”, em julho de 2014. “A mãe dela nos viu no Instagram - as redes sociais são o nosso marketing - e a atriz estava indo para o Castelo de Caras, no Valle Nevado, em Santiago do Chile, participar da festa de encerramento da novela. Ela nos contatou, produzimos uma peça e enviamos para o Rio de Janeiro. Ela saiu na Revista Caras usando uma bota Santíssima Catarina”, conta.

Site 3D com simulador de peças
Está em fase de finalização o site em três dimensões da Santíssima, com simulador das peças, possibilitando a montagem personalizada de calçados, com conforto, comodidade e segurança às clientes, sendo que as peças serão entregues em casa. O endereço é www.santissimacatarina.com.br. A curiosidade pode ser aguçada no perfil da Santíssima Catarina no Facebook ou no Instagram.

Empresa já deixou de ser MEI
O Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa foi feito três anos atrás, no Programa Empreender Lages, quando os negócios foram formalizados. “Fomos ascendendo e visitavam-nos em casa para prestar consultoria. Fomos beneficiados também com o Programa Juro Zero, do Banco da Família. Deixamos de ser Microempreendedor Individual (MEI) a partir do momento em que crescemos enquanto empresa. Em um ano seguimos para o Empreendedor Individual e hoje somos Microempresa (ME). As consultorias são muito importantes porque não tínhamos nenhuma formação administrativa”, relata.

Pilares verdes e sociais
A Santíssima Catarina, preocupada com o meio ambiente, não produz resíduos prejudiciais. “Não geramos resíduos de plástico; os secos são enviados à Alpa; as latas de produtos químicos serão transformadas em floreiras”, revela. As embalagens fabricadas para carregar os calçados são cabides para demonstração ou usados como suportes para condicionamento, ou sacolas de papel reciclado comprado da cooperativa do bairro Guarujá, com design moderno e toques femininos de sutileza em seus cadarços em neon e peles de couro. “Além de ser uma empresa sustentável, trabalhamos o papel social, promovendo rifas de calçados que custariam R$ 300,00 o par, e alavancamos R$ 1 mil, R$ 2 mil para ajudar pessoas. Definimos que a cada dois meses doaremos uma peça para ações sociais”, ressalta Brianna.

Exemplo
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Juliano Chiodelli, e a agente administrativo Laiara Hoepers, visitaram a empresa na sexta-feira (8). “É um exemplo o trabalho da Santíssima Catarina: produzir material de qualidade, agregar valor à peça artesanal, alimentar alicerces ambientais e sociais, manter e disseminar valores sólidos. Conseguiu encontrar seu espaço num segmento inovador, uma empresa internacional com carreira inicial”, diz o secretário. “A administração municipal parabeniza a empreendedora por acreditar em sua terra natal. Esperamos que este seja o início de uma carreira de vida longa, com horizonte longínquo”, analisa Juliano.
Brianna é vice-presidente do Núcleo de Moda da Associação Empresarial de Lages (Acil). Recentemente o secretário proferiu palestra no Centro Universitário Unifacvest e utilizou a Santíssima Catarina como exemplo. Segundo dados do Empreender, mais de 200 empresas migraram da modalidade MEI para novas modalidades da Receita Federal no período do último ano.






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