O homem de 35 anos preso por matar Vanessa Machowski, de 18, após assediá-la em Itajaí, no Litoral Norte catarinense, disse em depoimento à Polícia Civil que atropelou a jovem "sem querer". De acordo com o delegado Eduardo Ferraz, que fez o flagrante, Juciano Marinho Gomes estava embriagado quando foi ouvido no inquérito policial.
A defesa de Gomes disse que não vai se manifestar sobre o caso a pedido da família. O crime ocorreu na noite de domingo (10). Gomes foi preso em flagrante e a prisão foi convertida em preventiva na tarde de segunda (11).
Depoimentos
O flagrante e a tomada de depoimento foram feitos pelo delegado Eduardo Ferraz. "A versão que ele [suspeito] deu para a gente é que houve uma discussão com o namorado e a vítima. Não soube dizer por que, estava embriagado na hora. Disse que foi agredido pelo namorado [da vítima] e outras pessoas que estavam ali e, indo embora, acabou atropelando a vítima sem querer", relatou o delegado.
O namorado de Vanessa também prestou depoimento. "Disse que ele [suspeito] teria passado e mexido com a menina. Começaram a discutir, o homem entrou no carro, voltou e tentou atropelar os dois, mas acabou atingindo só ela", afirmou Ferraz.
O carro de Juciano foi apreendido e vai passar por perícia. O inquérito policial já foi entregue ao Ministério Público de Santa Catarina.
O sepultamento da vítima ocorreu na manhã desta terça-feira (12), no Cemitério da Fazenda, em Itajaí, segundo o namorado da vítima, Thiago Linhares da Veiga. Ele, porém, não quis se manifestar publicamente sobre a morte da companheira.
Prisão preventiva
Segundo a decisão da juíza Anuska Felski da Silva, da 1ª Vara Criminal de Itajaí, há indícios suficientes de autoria e prova de materialidade nos autos para a conversão da pena preventiva.
"Considerando o contexto social de violência em relação às mulheres, demonstra que medidas cautelares alternativas são insuficientes para evitar que o réu venha novamente dirigir embriagado, insultar mulheres supostamente desconhecidas na rua e agir de modo a ceifar-lhes a vida, o que, sem dúvida, gera intranquilidade no seio social, e reclama a medida extrema", escreveu a juíza.
O crime de homicídio qualificado é previsto no artigo 121, parágrafo 2° do Código Penal e prevê pena de 12 a 30 anos de prisão. Já a embriaguez ao volante, prevista no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, tem pena de 6 meses a 3 anos de prisão e suspensão da CNH.
'Tinha o sonho de abrir o próprio salão'
Segundo a tia da jovem Léia Oliveira, a garota tinha o sonho de abrir o próprio salão na área de estética. Sobre Vanessa, a familiar só tem elogios.
"Sempre muito querida com todos, carinhosa. Ela era extrovertida, sempre fazendo brincadeiras", relatou.
"Ela era uma menina que não via maldade nas pessoas. Tanto que ela viu o homicida vindo em direção do caminhão que eles [a jovem e o namorado] estavam, mas nunca imaginou que seria ela própria a vítima", disse a tia.
A jovem tinha tinha terminado o ensino médio no fim do ano passado. "Pretendia fazer faculdade de estética, gostava muito da área da beleza", declarou a tia.
No momento, estava trabalhando como babá de duas crianças. Vanessa nasceu em Rio Azul, no Paraná, morava em Itajaí há 11 anos e namorava há cerca de três, conforme a tia. O corpo dela será sepultado em Itajaí na manhã de terça (12).
O crime
Vanessa estava com o namorado, de 21 anos, no bairro Cordeiros por volta das 21h20. Ele disse à Polícia Militar que ambos conversavam, ele dentro da cabine de um caminhão estacionado e ela do lado de fora, quando uma caminhonete Tucson parou ao lado da jovem. O motorista de 35 anos a assediou verbalmente.
O namorado, então, desceu do caminhão para ver o que estava ocorrendo. O motorista da Tucson também saiu do carro. Segundo o namorado da vítima, ele estava com fortes sinais de embriaguez.
Houve uma discussão e o motorista da Tucson voltou para o veículo e saiu do local. Depois de cerca de 5 minutos, porém, ele voltou e jogou o carro em cima da jovem. Ela foi esmagada contra o caminhão e o autor do atropelamento fugiu em alta velocidade.
A jovem recebeu os primeiros socorros no local e depois foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cordeiros pelo Corpo de Bombeiros Militar, mas não resistiu.
Os socorristas encontraram a vítima inconsciente. Conforme os bombeiros, ela teve politraumatismo e suspeita de hemorragia interna.
Buscas por motorista
A Polícia Militar foi chamada e fez buscas. Os agentes encontraram o motorista da Tucson deitado na rua com alguns cortes no rosto. O carro foi encontrado em uma via em frente à casa dele.
O veículo estava amassado, indicando que houve a batida. Segundo a PM, o motorista confirmou que jogou o carro na direção da jovem. Como ele estava ferido, ele foi levado para a UPA do bairro Cordeiros. O carro Tucson foi guinchado.
G1SC
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