A mãe de Vanessa Machowski, morta após ser atropelada em Itajaí, no Litoral Norte catarinense, afirma que acionou um advogado para acompanhar o caso da filha de perto. Sandra Oliveira contou ao g1 que tem evitado ver informações e reportagens sobre o que aconteceu com Vanessa.
A vítima foi atingida na noite de domingo (10), minutos depois de sofrer assédio verbal do motorista, segundo a Polícia Militar.
"Vamos pedir justiça por ela. Até para que outros casos como este não fiquem impunes", disse a mãe de Vanessa Machowski, Sandra Oliveira.
Sandra afirmou que deve se pronunciar na próxima semana sobre as ações legais que serão tomadas contra o suspeito.
Juciano Marinho Gomes, de 35 anos, foi preso em flagrante e deve responder por homicídio qualificado e embriaguez ao volante. A prisão preventiva do suspeito foi decretada na segunda-feira (11). O sepultamento de Vanessa ocorreu às 9h desta terça (12).
'Sem querer'
A mãe da vítima informou que está ciente da declaração que o suspeito deu à Polícia Civil de que o atropelamento não havia sido proposital.
Sandra afirma que, em um primeiro momento, o homem confessou o crime. Uma mudança do depoimento, segundo ela, causa estranhamento por parte da família.
"Eu tenho um depoimento dele em mãos. No primeiro momento que ele depôs (ele disse) que ele voltou e jogou o carro em cima dela, sim. Ele confessou. Agora eu soube que ele mudou o depoimento e disse que não teve a intenção de fazer isso. É muito estranho", concluiu.
A defesa de Juciano foi procurada pelo g1, mas não retornou aos questionamentos até as 12h27 desta quinta-feira (14).
O que se sabe sobre o caso
Como e quando foi a morte
Socorro à vítima
Fuga do suspeito
Depoimento do suspeito
Depoimento do namorado da vítima
Prisão preventiva
1. Como e quando foi a morte
Vanessa estava com o namorado, de 21 anos, no bairro Cordeiros por volta das 21h30 no domingo (10). Ele disse à Polícia Militar que ambos conversavam, ele dentro da cabine de um caminhão estacionado e ela do lado de fora, quando uma caminhonete Tucson parou ao lado da jovem. O motorista de 35 anos a assediou verbalmente.
O namorado, então, desceu do caminhão para ver o que estava ocorrendo. O motorista da Tucson também saiu do carro. Segundo o namorado da vítima, ele estava com fortes sinais de embriaguez.
O namorado, então, desceu do caminhão para ver o que estava ocorrendo. O motorista da Tucson também saiu do carro. Segundo o namorado da vítima, ele estava com fortes sinais de embriaguez.
Houve uma discussão e o motorista da Tucson voltou para o veículo e saiu do local. Depois de cerca de 5 minutos, porém, ele voltou e jogou o carro em cima da jovem. Ela foi esmagada contra o caminhão e o autor do atropelamento fugiu em alta velocidade.
2. Socorro à vítima
A jovem recebeu os primeiros socorros no local e depois foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cordeiros pelo Corpo de Bombeiros Militar, mas não resistiu.
Os socorristas encontraram a vítima inconsciente. Conforme os bombeiros, ela teve politraumatismo e suspeita de hemorragia interna.
3. Fuga do suspeito
A Polícia Militar foi chamada e fez buscas. Os agentes encontraram o motorista da Tucson deitado na rua com alguns cortes no rosto. O carro foi encontrado em uma via em frente à casa dele.
O veículo estava amassado, indicando que houve a batida. Segundo a PM, o motorista confirmou que jogou o carro na direção da jovem. Como ele estava ferido, ele foi levado para a UPA do bairro Cordeiros. O carro Tucson foi guinchado.
Segundo a PM, o homem tem passagens policias por injúria, difamação, lesão corporal contra a mulher e pertubação ao sossego. Agentes identificaram sinais de embriaguez.
4. Depoimento do suspeito
O flagrante e a tomada de depoimento foram feitos pelo delegado Eduardo Ferraz. "A versão que ele [suspeito] deu para a gente é que houve uma discussão com o namorado e a vítima. Não soube dizer por que, estava embriagado na hora. Disse que foi agredido pelo namorado [da vítima] e outras pessoas que estavam ali e, indo embora, acabou atropelando a vítima sem querer", relatou o delegado.
Conforme Ferraz, durante o depoimento Juciano tinha forte odor de álcool.
5. Depoimento do namorado da vítima
O delegado também relatou o depoimento do namorado de Vanessa. "Disse que ele [suspeito] teria passado e mexido com a menina. Começaram a discutir, o homem entrou no carro, voltou e tentou atropelar os dois, mas acabou atingindo só ela".
6. Prisão preventiva
Segundo a decisão da juíza Anuska Felski da Silva, da 1ª Vara Criminal de Itajaí, há indícios suficientes de autoria e prova de materialidade nos autos para a conversão da pena preventiva. A sentença proferida na segunda (11).
"Considerando o contexto social de violência em relação às mulheres, demonstra que medidas cautelares alternativas são insuficientes para evitar que o réu venha novamente dirigir embriagado, insultar mulheres supostamente desconhecidas na rua e agir de modo a ceifar-lhes a vida, o que, sem dúvida, gera intranquilidade no seio social, e reclama a medida extrema", escreveu a juíza.
A magistrada ainda destacou, na decisão, a hipótese de feminicídio, "já que há indícios de que o condutor a teria assediado, dizendo-lhe 'gostosa', sendo que após ser repreendido e ter discutido com o namorado desta (homem), prosseguindo em atitude - também em tese - de desvalor à vítima (mulher), projetou seu carro contra a mesma, ceifando-lhe a vida".
O crime de homicídio qualificado é previsto no artigo 121 , parágrafo 2° do Código Penal e prevê pena de 12 a 30 anos de prisão. Já a embriaguez ao volante, prevista no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, tem pena de 6 meses a 3 anos de prisão e suspensão da CNH.
G1SC
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