quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Morte de modelo que caiu de prédio no Chile completa 3 meses; 'Foram os mais difíceis da minha vida', diz mãe que mora em SC


 Nayara Vit morreu após queda do 12º andar do edifício em que morava com a filha e o companheiro, em Santiago. Eliane Marcos Vit falou com a filha horas antes da morte.

A morte da modelo Nayara Vit, que caiu do 12º andar do prédio em que morava em um bairro nobre de Santiago, no Chile, completa nesta quinta-feira (7) três meses sem respostas, segundo a mãe da brasileira, Eliane Marcos Vit. Uma homenagem em memória da modelo está programada para ocorrer em uma página nas redes sociais que cobra explicações das autoridades chilenas.


"Há 3 meses esperamos por respostas. Esses meses foram os mais difíceis da minha vida. Receber a notícia de sua morte deixou toda família arrasada. E depois saber como tudo aconteceu, além do sentimento de impotência, é difícil conter a revolta. Só queremos a verdade e que a justiça seja realmente justa", afirma Eliane, que é moradora de Santa Catarina.

De acordo com Eliane, mais de 60 testemunhas foram ouvidas. A reconstituição do crime e a atuação da perícia técnica foi realizada na quarta-feira (29).


Para a família da modelo, o atual companheiro da vítima é o principal suspeito pelo crime, uma vez que afirmam que não teria ocorrido suicídio.

"Foi utilizado um boneco com altura e peso correspondente aos da Nayara. Como o processo corre em segredo de Justiça, não temos os resultados das perícias. O suspeito continua livre e formalmente ainda não foi acusado. E mesmo não tendo sido acusado entrou com um pedido para que o fiscal [juiz] fosse afastado do caso", afirma.

Eliane Marcos Vit mora em Porto União, no Norte Catarinense, e conta que falou com a filha por ligação de vídeo horas antes da morte dela.


A modelo morava no Chile há 16 anos. No dia da morte, estava no apartamento com o namorado e a filha de 4 anos. A babá da criança também estava no local.


O corpo da modelo foi sepultado no Chile no dia 22 de julho. A família acompanhou a cerimônia de despedida no Brasil de forma online.

Ida ao Chile

A família informou que a fronteira com o Chile foi aberta na sexta (1º) e que um passe mobilidade é solicitado para a entrada de estrangeiros. Os familiares foram impedidos de entrar no país para se despedir da modelo.


"Já entramos com a solicitação e eles têm 30 dias para aprovar ou não. Assim que conseguirmos a aprovação iremos para lá", disse.

Há 15 dias a mãe da Nayara foi ouvida pelo juiz em depoimento oficial por meio de um aplicativo de reunião virtual.

"Não descansaremos até que tudo se esclareça" afirma.
Guilherme Vit, irmão de Nayara, disse que as autoridades chilenas descartaram a hipótese de suicídio. A família suspeita que a modelo tenha sido vítima de feminicídio. O processo corre em segredo de Justiça. Um advogado chileno acompanha o caso e representa a família no local.

"A nossa expectativa é que as etapas de investigações possam ser concluídas e a acusação seja apresentada com o pedido de prisão. Não esperamos outra hipótese, todas as evidências levam a essa conclusão e lamentamos a demora da Justiça para provar essa tese", conclui.
Filha de Nayara
Segundo a mãe de Nayara, a neta, de 4 anos, soube recentemente da morte da mãe. No dia 29 de agosto o pai da menina a levou para visitar o túmulo da mãe em um cemitério no Chile.

A filha de Nayara vive com o pai, no Chile. A família da brasileira afirma que não pretende entrar na Justiça pela guarda da criança. Em um primeiro momento, familiares tentaram trazer o corpo de Nayara para o Brasil, contudo a decisão foi reavaliada por causa da criança.
Envolvimento do companheiro
Eliane conta que Nayara estava se relacionando há pouco mais de 6 meses com o companheiro. A família não chegou a conhecê-lo pessoalmente. A mãe da modelo afirma que Nayara nunca havia relatado qualquer tipo de agressão por parte do companheiro.

"Foi o comportamento dele que levou a gente a esta conclusão [que está envolvido]. Ele não avisou a família. Foi o ex-marido dela, o pai da minha neta, que comunicou a morte da Nayara. O pai da Nayara entrou em contato com ele e só depois de algumas tentativas, ele retornou. Disse que a Nayara estava com uma depressão muito séria, que estava tomando remédios muito fortes e que nos últimos meses havia tentado suicídio duas vezes. E que desta vez ele não conseguiu impedir. Isso acendeu um sinal de alerta na gente, porque sabíamos que não era verdade. Ela estava muito feliz e não tinha nenhum aspecto de depressão", apontou.

O g1 não conseguiu contato com companheiro da vítima e com a polícia chilena até as 19h de quarta-feira (6).

G1SC

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