Primeira deputada negra do Brasil, a professora e jornalista catarinense Antonieta de Barros foi autora de uma das primeiras leis no Brasil a instituir o 15 de outubro como Dia do Professor. A lei, homologada pelo governador José Boabaid, foi publicada em 1948, 15 anos antes de a data ser reconhecida nacionalmente.
O decreto federal, assinado pelo então presidente da República João Goulart, é de1963.
Na justificativa para a criação da data, que à época previa feriado para os trabalhadores, ela enfatizou a importância do educador: "Não há quem não reconheça, à luz da civilização, o inestimável serviço do professor" (veja o projeto de lei acima).
Segundo a educadora e pesquisadora Jeruse Romão, autora da mais recente biografia de Antonieta de Barros, para a deputada, a profissão professor era muito mais do que um simples transmissor de conteúdos.
“Ela subiu a tribuna, no dia 12 de outubro, falou aos deputados sobre a importância da data e pediu urgência na apreciação e votação. Disse que não há quem não reconheça o valor do professor, disse a pesquisadora.
Antonieta nasceu em 1901 na antiga Desterro, hoje Florianópolis, e foi eleita deputada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina em 1934.
Educação de qualidade
Negra e de origem humilde, Antonieta é chamada de "revolucionária" pela pesquisadora e professora Jeruse Romão.
Professora de português e psicologia, Antonieta fundou a própria escola, onde deu aula para adultos e moradores carentes da região. Uma das escolas por onde circulou enquanto dava aulas na Capital carrega seu nome.
“Ela tem muitas falas importantes para a educação. Sempre defendeu as crianças e os jovens, e os pobres. Ela inclusive traz, pioneiramente, a perspectiva da educação como um direito humano”, afirma Jeruse.
Pioneirismo
O Estado catarinense foi um dos primeiros no país a reservar o dia 15 de outubro para os professores.
A ideia surgiu um ano antes de o projeto de lei de Antonieta de Barros tramitar na Alesc: em 1947, o professor paulista Salomão Becker propôs um dia de confraternização e homenagem aos professores - além de uma pausa no sobrecarregado segundo semestre letivo, que serviria para reavaliar o andamento dos trabalhos.
A data escolhida faz referência a 15 de outubro de 1827, quando o imperador D. Pedro I lançou o decreto que instituiu o Ensino Elementar no Brasil. O documento previa as diretrizes curriculares e as condições de trabalho dos professores.
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