quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Cinco maiores cidades de SC somam 71,9 mil pessoas em extrema pobreza, com renda mensal de até R$ 89


 Número subiu até 30% desde início da pandemia da Covid-19. Florianópolis foi município com maior aumento.

As cinco maiores cidades de Santa Catarina possuem juntas 71.939 pessoas em extrema pobreza. Isso significa que elas vivem com uma renda mensal por pessoa de até R$ 89. Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, até julho deste ano, o aumento no números de pessoas nessa situação foi de até 30%.


Joinville, no Norte, Florianópolis, Blumenau, no Vale do Itajaí, São José, na Grande Florianópolis, e Chapecó, no Oeste, são as cidades catarinenses com maior população. Dessas, a capital foi a que teve o maior aumento no número de pessoas em extrema pobreza durante a pandemia.


Em Florianópolis, havia 17,2 mil nessa situação em março de 2020. Em julho deste ano, são 22,4 mil, uma variação de 30,4%

Em todas as cinco maiores cidades catarinenses, houve crescimento da extrema pobreza durante a pandemia. Entre março de 2020 e julho de 2020, o aumento foi de:


Florianópolis: 30,39%

Joinville: 28,13%

Chapecó: 25,95%

São José: 25,44%

Blumenau: 21,16%

Os dados são Cadastro Único (CadÚnico), do Ministério da Cidadania.


No estado, havia 355,6 mil pessoas vivendo em extrema pobreza em julho deste ano, um número 17,8% maior do que havia em março de 2020. Dessa forma, as cinco maiores cidades de SC têm 20% de todos que vivem com menos de R$ 89 por mês em Santa Catarina. Os dados são do CadÚnico.

Três explicações

O professor de economia da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Marcos Wink aponta três explicações para o aumento de pessoas em extrema pobreza.


"Em um país desigual, os efeitos da pandemia também são desiguais. Por mais que estejamos acostumados a pensar Santa Catarina como melhor no geral que o Brasil, existe muita heterogeneidade dentro do estado. Santa Catarina tem média melhor do que o Brasil, mas temos desigualdades dentro das regiões catarinenses. Onde tem mais desigualdade, tem mais pessoas próximas de situação de vulnerabilidade e é mais provável que elas procurem os serviços sociais. São municípios mais desiguais", diz.

Wink também abordou a vocação econômica das cidades. "Esses municípios, principalmente Florianópolis, são muito dependentes do setor de comércio e serviços. Esses setores enfrentam muito mais queda no número de empregos do que criação de vagas. Blumenau e Joinville sofreram menos [aumento] do que Florianópolis. Lá [Blumenau e Joinville] tem indústria", afirma.


O terceiro fator, conforme o professor, está relacionado à formalidade do emprego. "Já existem vários estudos dizendo que pandemia derrubou o rendimento dos trabalhadores, principalmente autônomos e informais. Para o setor formal, com carteira assinada, tem uma rede de proteção maior, seguro-desemprego. Para a perda do emprego dos informais, a saída vai ser correr atrás de programas de transferência de renda", finaliza.

Atendimento a famílias aumenta em Blumenau

O aumento no número de pessoas nas faixas de pobreza (que vivem com renda mensal entre R$ 89 e R$ 178) e extrema pobreza confirma a percepção das equipes que atuam no atendimento desses públicos. A secretária de Desenvolvimento Social de Blumenau, Patrícia Morastoni Sasse, conta que, nos primeiros meses de pandemia, o atendimento passou de uma média de 8 mil para 17 mil pessoas por mês.


Grande parte da procura era de trabalhadores autônomos. Um público que não costumava fazer parte dos atendimentos da área de desenvolvimento social e que ficou praticamente sem renda com o fechamento das atividades na pandemia.

As famílias que procuram o município podem ter acesso a benefício financeiro municipal para compra de alimentos, que somaram 23,7 mil repasses desde o início da pandemia, 350% a mais do que em períodos normais. Além disso, houve acesso a doações de cestas básicas, kits de higiene e limpeza e outros atendimentos da área social.


"A alimentação é a necessidade mais imediata, mas nosso olhar é em relação a vulnerabilidades da família. Se há situação de violência, desemprego ou outra dificuldade identificada, elas passam a ser atendidas de forma continuada, com acompanhamento", diz a secretária.


Joinville tem procura de trabalhadores que perderam renda

Na maior cidade catarinense, foi identificado que o serviço de assistência social passou a ser mais conhecido após a pandemia, fazendo com que famílias que já tinham renda baixa e ainda foram afetadas pela crise da Covid procurassem o setor.


Os atendimentos oferecidos a esses públicos envolvem auxilio para redução de taxas de água e luz e benefícios sociais, formação profissional, doação de fraldas e acesso ao restaurante popular, com almoço a R$ 1. A cidade também oferece um auxílio-natalidade, de R$ 300 a R$ 1,2 mil, para mães inscritas no Cadastro Único, com renda familiar per capita de até meio salário mínimo.



"No começo da pandemia, observamos aumento na faixa da extrema pobreza. Eram pessoas que já tinham emprego que não ganhavam muito, e acabaram perdendo, porque as próprias pessoas que contratavam também foram cortando serviços. A gente ainda vai precisar aguardar alguns meses, mas hoje já começamos a observar diminuição da extrema pobreza" conta a secretária de Assistência Social, Fabiana Cardozo.

Além do auxilio emergencial do governo federal e da ajuda oferecida pelo governo do estado (SC Mais Renda), a capital também implantou um benefício próprio municipal, o Auxílio Municipal Emergencial (AME).


O programa oferece auxilio de R$ 1,5 mil em cinco parcelas, ou de R$ 1.875, no caso de famílias chefiadas por mulheres solo, todos com renda familiar per capita de até R$ 178 mensais. A ação atendeu 2,6 mil pessoas e tem possibilidade de extensão a mais famílias. Atualmente o pagamento está no terceiro mês.

O município também ofereceu credenciamento de hospedagem para atender de forma imediata famílias que pudessem ter sido despejadas e benefícios como o cartão calamidade, com recursos para compra de alimentos a famílias que procuravam os Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Cestas básicas arrecadadas nos pontos de vacinação também foram doados em campanhas a famílias em vulnerabilidade, que também receberam apoio como kits de alimentos da área da educação quando as escolas estavam fechadas.


A secretária de Assistência Social de Florianópolis, Maria Cláudia Goulart da Silva, afirma que o principal impacto da pandemia foi para famílias que nunca tinham procurado a assistência social e precisarem procurar pelo serviço. Também na capital, os autônomos e profissionais da área de eventos foram públicos que enfrentaram essa situação.


"Não temos identificado registros de famílias que estão deixando de se alimentar, pessoas ou famílias que passem fome na cidade, porque elas acessam esse tipo de auxilio, alimentação, cestas básicas. O que se percebe é um aumento da procura por esse tipo de apoio, e de famílias em situação de vulnerabilidade" conta a secretária.


Ela cita que questões econômicas, como o aumento dos alimentos, carne e itens como gás de cozinha também prejudica as famílias, reduzindo a qualidade nutricional das pessoas.


Como ajudar

Iniciativas da sociedade civil na Grande Florianópolis


Projeto "A fome não espera": A iniciativa foi criada por um grupo de amigos e está arrecadando recursos e alimentos para destinar cestas básicas a famílias de Palhoça que ficaram sem renda durante a pandemia. Telefone: (48) 99936-2460.

Projeto Social Além dos Olhos: Projeto que atua com moradores em situação de rua e famílias em vulnerabilidade da Grande Florianópolis. Telefone (48) 99843-3477.

Associação Pró-Brejaru: Atua no atendimento de crianças, adolescentes, jovens e famílias das comunidades do Brejaru e Frei Damião, em Palhoça, que vivem em situação de vulnerabilidade social. Realiza ações sócio-educativas e culturais. Telefone (48)3242-0643 e (48)99925-6583.

Associação Evangélica Beneficente de Assistência Social (Aebas): Atende cerca de 300 crianças e adolescentes nos Centros de Assistência Social (CAS), localizados nas comunidades Caieira do Saco dos Limões, Prainha e Vila Santa Vitória, em Florianópolis, e Frei Damião, em Palhoça. Telefones: (48) 3025-6622 e (48) 98870-7937.


G1SC

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O e-Título ainda pode ser baixado gratuitamente para o 2º turno de votação

  [Trescimprensa] O e-Título ainda pode ser baixado gratuitamente para o 2º turno de votação Responder para o remetente   Hoje 14:4 O e-Títu...