Sementes
de alho livre de vírus produzidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), empresa vinculada a Secretaria de
Estado da Agricultura e da Pesca, estão ampliando a produtividade entre 30% e
40% nas lavouras catarinenses. O trabalho de pesquisa, que iniciou em 2004, tem
ajudado os produtores a recuperar a competitividade no mercado nacional. Hoje,
67% do alho consumido no Brasil é importado da China e da Argentina.
O
principal vilão dessa história é um complexo de vírus que contamina a semente e
derruba o rendimento das lavouras. Pesquisadores afirmam que praticamente toda
a semente do alho produzido no Brasil foi infectada por esse complexo viral, em
menor ou maior grau, ainda nos primeiros cultivos realizados por aqui.
A
contaminação é provocada por insetos vetores, como pulgões, ácaros e trips. “O
alho é uma espécie de propagação vegetativa, ou seja, a semente utilizada para
plantio das lavouras é o próprio bulbilho – dente do alho – que é colhido e
armazenado para uso no ciclo seguinte. Uma única vez que a planta é infectada
no campo, esses vírus se perpetuam nas sementes ao longo dos ciclos, impedindo
que a planta expresse seu verdadeiro potencial produtivo”, explica Renato
Vieira, pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Caçador.
O
processo de limpeza inicia com a seleção dos melhores bulbos em campo. Já no
laboratório, os bulbilhos são tratados pelo processo de termoterapia. Na
sequência, os pesquisadores retiram células isentas de vírus localizadas no meristema,
um tecido embrionário localizado na base do bulbilho. “Nesses tecidos ainda não
existem vasos por onde se movimentam os vírus na planta”, explica Renato.Depois
de isoladas, as células são cultivadasin vitro por
cerca de 90 dias até formar pequenos bulbos, que serão multiplicados em
ambientes telados. A última etapa é a multiplicação em grande escala, em campo.
O processo completo leva três anos: um em laboratório, um em ambiente telado e
um no campo. As variedades que foram limpas de vírus são Ito, Caçador e
Quitéria.
Bulbos grandes
“Passamos
de uma média de 12t/ha para 15t/ha nas melhores lavouras. Em alguns lotes,
conseguem-se até 18t/ha”, destaca Marco Lucini, extensionista da Epagri na
Gerência Regional de Curitibanos. Mas a produção não aumentou apenas em
quantidade: os agricultores estão colhendo bulbos mais graúdos e uniformes, que
podem ser vendidos por um preço mais alto.
Em
cinco anos de produção de sementes descontaminadas na Epagri, já foram
fornecidas cerca de 250 toneladas para produtores de todo o Brasil. Em Santa
Catarina, são aproximadamente mil hectares de lavouras com sementes livres de
vírus. “Praticamente todas as famílias produtoras de Santa Catarina já têm uma
área com alho livre de vírus produzido pela Epagri ou por outras empresas.
Estimamos que o alho da Epagri esteja presente em 50% dessas propriedades”,
destaca o extensionista Marco Lucini.
Mais
informações na Epagri/Estação Experimental de Caçador pelo telefone (49)
3561-2000.
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