O calor do fogão à lenha é utilizado para aquecer a água do chuveiro, que também é reaproveitada para reduzir o consumo de energia
Divulgação/Celesc
Mais de 4 mil famílias de áreas rurais e urbanas de baixa renda, em oito municípios catarinenses, são beneficiadas com a instalação de trocadores de calor para fogões à lenha e para chuveiro elétrico por meio do projeto Banho de Energia, que faz parte do Programa de Eficiência Energética da ANEEL/Celesc. Em sua terceira edição, o projeto está investindo R$ 9,5 milhões na instalação dos equipamentos e na substituição de lâmpadas antigas por LED. Os critérios para participação das famílias são definidos conforme a região selecionada, indicadores sociais e técnicos.
Nesta etapa do projeto, lançada no final de 2018, já foram instalados mais de 400 trocadores de calor em fogões à lenha, de um total de 875, e 2.700 trocadores de calor para chuveiro elétrico, do total de 4.250. Nos fogões, o trocador utiliza a fumaça para aquecimento de água e nos chuveiros é utilizada a água aquecida do próprio banho, garantindo menor consumo de energia elétrica e mais conforto nas atividades do dia a dia.
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Beneficiada com a última edição do projeto, a moradora de Cerro Negro, Aparecida Leonel, contou que a iniciativa é importante na redução da conta de energia e que vai aplicar o valor economizado em melhorias na sua propriedade. Para Marlene Lima, de Urupema, as lâmpadas que recebeu e mais o trocador de calor para fogão já apresentaram economia na fatura de energia elétrica. "Tivemos uma redução de 20% e acredito que vamos baixar ainda mais a conta de luz aqui em casa".
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A instalação dos trocadores está priorizando famílias nas áreas rurais e de baixa renda dos municípios de Anita Garibaldi, Abdon Batista, Correia Pinto, Lages, Otacílio Costa, Ponte Alta, Santa Cecília e São Cristóvão do Sul. "A execução desse projeto está concentrada no Planalto Serrano, por ser a região com as menores temperaturas do estado e o fogão a lenha fazer parte da cultura local. Aliás, o equipamento foi idealizado pensando na serra catarinense", conta o gerente da Divisão de P&D e Eficiência Energética da Celesc, Thiago Jeremias.
Como parte da iniciativa, também já foram substituídas 21 mil lâmpadas tradicionais por lâmpadas LED em 4,2 mil unidades consumidoras. As novas lâmpadas são com 6,5 ou 8 Watts de potência e, até o fim desta edição do projeto, deverão ser substituídas 34 mil peças.
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Economia
Na última edição do Banho de Energia, a economia no consumo foi de 2.140 MWh/ano, suficiente para abastecer 10.704 residências com energia elétrica por um mês. Também foi observada uma redução de 946 kW nos horários de ponta, o que equivale a potência de 200 chuveiros elétricos ligados ao mesmo tempo. A expectativa do projeto para esse ano é atingir uma economia de 2.960 MWh, equivalente ao abastecimento de 14.700 residências por mês. "A economia total proporcionada pelas ações na residência do consumidor poderá chegar até 30%, caso a família adote estratégias conscientes do uso de energia", destaca Jeremias.
Como funciona
Criado pelo eletricista aposentado, José Alcindo Alano, o trocador de calor para fogões à lenha é um sistema que esquenta a água das residências utilizando o calor da fumaça a ser expelida pelas chaminés. No processo, o equipamento, composto por uma serpentina de aço inox, no interior de um tambor instalado na chaminé, aquece a água que é armazenada em um reservatório térmico instalado sobre o telhado. Essa água armazenada, já aquecida, fica disponível para ser distribuída nos chuveiros e torneiras. Outro benefício do sistema é a ampliação da eficiência do fogão, que permite a economia de lenha e a redução da emissão de cinza e de fuligem.
Nos chuveiros, o funcionamento é simples. Em vez de a água da caixa ou da rede de distribuição ir diretamente para o chuveiro, ela segue por uma mangueira e chega a uma plataforma de plástico instalada no chão do banheiro. Acoplada a essa plataforma existe um trocador de calor feito de alumínio que recupera o calor da água quente do banho e aquece, indiretamente, a água limpa no interior do trocador.
A vantagem desse equipamento, é que a água chega ao chuveiro já pré-aquecida, com um ganho de 10 a 15ºC. Com isso, o chuveiro precisa de menos potência para aquecer a água. Nesse projeto, além da instalação do trocador de calor, é feita a troca do chuveiro tradicional, com potências que podem chegar a 7.000 W, por um chuveiro de potência reduzida (3.600 W). Assim, a economia de energia no banho pode chegar a 50%.
Prêmio Fritz Muller
A Primeira Edição do Projeto Banho de Energia, executado no ano de 2016, recebeu o Prêmio Fritz Muller na categoria Economia nos Insumos de Produção (Energia). O prêmio Fritz Muller é um dos maiores reconhecimentos ambientais do Estado e é concedido pela antiga Fundação do Meio Ambiente (Fatma), hoje Instituto de Meio Ambiente (IMA).
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