Nayara Vit morreu após queda do 12º andar do edifício que morava com companheiro e filha em Santiago. Eliane Marcos Vit falou com a filha horas antes da morte.
A mãe de Nayara Vit, modelo que morreu após cair do 12º andar do prédio em que morava em um bairro nobre de Santiago, no Chile, na madrugada de 8 de julho, falou ao G1 sobre sua relação com a filha e a saudade após a morte dela há quase um mês. Eliane Marcos Vit mora em Porto União, no Norte Catarinense, e conta que as duas se falavam com frequência.
"A gente se amava muito. Compartilhava muito a vida uma da outra, apesar da distância. A gente não ficava dois, três dias sem nos falarmos. Estávamos sempre em contato. De vez em quando vem aquela coisa de pegar o telefone e ligar para ela. Isso está me fazendo muito falta. As nossas ligações agora serão somente através das nossas orações. A imagem do sorriso dela me faz muita falta", disse, emocionada.
Eliane conta que falou com a filha por ligação de vídeo horas antes da morte dela. Nayara estava na casa de amigos e chegou a consolar a mãe que tinha perdido sua cadela de estimação.
"Falei com a Nayara as 18h50 do Brasil, que era por volta de 17h50 lá no Chile. Ela estava muito bem. Me consolou porque eu estava triste, havia perdido a minha cachorrinha numa cirurgia. Ela, por me ver chorar, se entristeceu e começou a chorar também. Disse estar chorando porque não tava gostando de me ver chorar, queria me ver feliz", relembra.
A modelo morava no Chile há 16 anos. No dia da morte, estava no apartamento com o namorado e a filha de 4 anos (fruto de outro relacionamento). A babá da criança também estava no local.
"Nayara era uma pessoa muito alegre, muito feliz. O que mais faz falta para gente é essa alegria dela. Com ela não tinha tristeza", lamenta Eliane.
Guilherme Vit, irmão de Nayara, disse que as autoridades chilenas descartaram a hipótese de suicídio. A família acredita que a modelo tenha sido vítima de feminicídio. O processo corre em segredo de justiça.
O corpo da modelo foi sepultado no Chile no dia 22 de julho. A família acompanhou o sepultamento no Brasil de forma online.
Envolvimento do companheiro
Eliane conta que Nayara estava se relacionando há pouco mais de 6 meses com o companheiro. A família não chegou a conhecê-lo pessoalmente. A mãe da modelo afirma que Nayara nunca havia relatado qualquer tipo de agressão por parte do companheiro.
"Foi o comportamento dele que levou a gente a esta conclusão [que está envolvido]. Ele não avisou a família. Foi o ex-marido dela, o pai da minha neta, que comunicou a morte da Nayara. O pai da Nayara entrou em contato com ele e só depois de algumas tentativas, ele retornou. Disse que a Nayara estava com uma depressão muito séria, que estava tomando remédios muito fortes e que nos últimos meses ehavia tentado se suicidar duas vezes. E que desta vez ele não conseguiu impedir. Isso acendeu um sinal de alerta na gente, porque sabíamos que não era verdade. Ela estava muito feliz e não tinha nenhum aspecto de depressão", apontou.
O G1 não conseguiu contato com companheiro da vítima e com a polícia chilena até a publicação desta reportagem.
Busca por justiça
Eliane diz que a família acompanha as investigações e espera por justiça. Os familiares foram impedidos de entrar no país para se despedir da modelo. A entrada no Chile ficou mais difícil por causa das restrições durante a pandemia de Covid-19. A família pretende ir ao país assim que as fronteiras forem abertas.
"Somente o meu filho conseguiu um visto especial autorizando a entrada dele no Chile, mas exige que ele ainda faça uma quarentena de 14 dias retido em um endereço. É complicado você chegar em um país e ficar retido 14 dias, sem ação e principalmente neste estado que a gente está de muita angústia e tristeza. Ficar sozinho neste momento e sem poder agir, não é interessante", afirma a mãe.
Um advogado chileno acompanha o caso de perto e representa a família no local. Sem poder estar fisicamente no Chile, a mãe e a família tem procurado os meios de comunicação da região para cobrar por justiça.
"Queremos a reposta para ontem. Mas sabemos que justiça do Chile não vai nos apresentar uma resposta com tanta rapidez assim. Contudo, segundo o advogado, as investigações estão caminhando, testemunhas estão sendo ouvidas", disse.
Filha de Nayara ficará no Chile
Eliane disse que a neta, de 4 anos, ainda não sabe da morte da mãe e por isso ainda não retornou para a escola. Segundo ela, a menina está bem e sendo cuidada pelo pai. A família da brasileira afirma que não pretende entrar na justiça pela guarda da criança.
"Não pretendemos tirar a filha dele, de forma nenhuma. Vamos ter ela aqui quando tiver de férias. Vamos acompanhar desta forma. Não pretendemos entrar em uma briga judicial por isso. Não é justo. Ela tem um pai que a ama, vamos respeitar isso", disse.
A família em um primeiro momento tentou trazer o corpo de Nayara para o Brasil, contudo a decisão foi reavaliada por causa da criança.
"Abrimos mão de trazer o corpo da Nayara para fazer o sepultamento no Brasil e permitimos que ela fosse sepultada no Chile, justamente para que a filha tivesse uma referência da mãe. Para que pudesse visitar a lápide. Abrimos mão para deixar ela mais perto da filha que será criada no Chile", concluiu.
G1SC
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