Você já parou para analisar de onde vem o alimento que está na sua mesa todos os dias? No café da manhã, o pãozinho quente com manteiga, no almoço, o arroz com uma carne gostosa e a noite, um jantar leve com fruta de sobremesa para não pesar o estômago no momento de dormir.
Tudo o que comemos vem do agronegócio, uma cadeia que sustenta cerca de meio milhão de pessoas em Santa Catarina, representa mais de 30% de todo o PIB do estado, e em 2020, superou marcos históricos, apesar dos desafios impostos pela pandemia.
O Valor da Produção Agrícola (VPA) de Santa Catarina foi de R$40,9 bilhões no Estado, superando o recorde de 2017. O setor também foi o que mais exportou. A produção de suínos foi maior entre a pecuária, com VPA de 23%, ficando à frente da produção de frango, 17,5%. Logo após, vem a produção de leite, 11,9%, de acordo com informações da 41ª edição da Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina, divulgada em abril de 2021 pela Epagri/Cepa.
— O agronegócio responde por 31% do PIB de Santa Catarina e sustenta 70% das exportações catarinenses. Somos o maior exportador de suínos: 57% do total que o Brasil manda ao exterior saem daqui. No segmento de aves somos também o maior exportador (com 28% do total do Brasil) e segundo maior produtor. Com tudo, geramos R$3,4 bilhões em movimento econômico. O Estado deve muito ao agronegócio. Mais de meio milhão de catarinenses vivem -direta ou indiretamente- da agricultura, da pecuária e da agroindústria, incluída sua imensa cadeia de fornecedores — relata o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedroso.
Agricultura como base
Todo o agronegócio vem da terra. Se não produzimos o grão, falta alimento para a população e para os animais. Mundialmente conhecido, o arroz é base alimentar de mais de três bilhões de pessoas no mundo. Santa Catarina é o segundo maior produtor nacional e, em 2020, exportou 47,6 mil toneladas do produto contra 6,1 mil toneladas no ano anterior.
Mais de 30 mil catarinenses dependem economicamente dessa atividade que se tornou relevante para 83 municípios. A produção se concentra no sul catarinense e no Vale do Itajaí e norte catarinense. Ao contrário de outros Estados, em Santa Catarina o arroz é produzido majoritariamente por agricultores familiares, em áreas menores, porém com maior produtividade, cultivando variedades desenvolvidas em território barriga-verde — aponta o presidente da FAESC.
A exportação foi importante para a economia agrícola catarinense no ano passado, incluindo a maçã. O Estado é um grande produtor da fruta nacionalmente, e para a safra 2020/2021, a expectativa é a colheita de 550 mil toneladas da fruta.
— A exportação da maçã dá estabilidade e garantia de renda aos produtores. Santa Catarina é o maior produtor de maçã do Brasil. A atividade nasceu em Fraiburgo, mas encontrou um ecossistema ideal de produção em São Joaquim. São cerca de três mil produtores familiares que se dedicam com muita eficiência a produzir as melhores maçãs do mundo — afirma José Zeferino Pedroso.
O maior produtor de cebola
Muito da agricultura catarinense é familiar. Um dos produtos que tem essa base é a cebola. O cultivo do legume é essencialmente na agricultura familiar. No Censo Agro, realizado no ano de 2017, pelo IBGE, 8.289 de estabelecimentos se dedicam à produção da cebola.
Na safra 2019/2020, a colheita foi de 528.440 mil toneladas. Dessas, foram disponibilizadas ao mercado para venda cerca de 430 mil. Para esse ano, a expectativa de colheita é menor, pois a estiagem e outros fatores climáticos prejudicaram as plantações.
Produção de cereais é destaque na agricultura
O ano de 2020 foi importante para a produção da soja catarinense. Ao visualizar o aumento do preço do grão, produtores resolveram investir no plantio, ocupando uma área maior. O resultado foi 2,24 milhões de toneladas, segundo dados divulgados na última da Síntese Epagri/Cepa. Para a nova safra, a expectativa é a produção de 2.308.070 toneladas do grão.
Há alguns anos o Brasil se consolidou como o maior exportador de soja mundial, ultrapassando os Estados Unidos. A China intensificou, no ano de 2020, a compra da soja no país, elevando 250% da exportação do grão.
A produção de milho também é parte significativa da economia agrícola de Santa Catarina. De acordo com o último censo agropecuário divulgado pelo IBGE, são 81 mil produtores que realizam o plantio do grão em todo o estado. No ano de 2020, foram cultivados cerca de 560.000 hectares, segundo dados da Epagri. Atualmente, 7,3% da produção agropecuária é representada pelo milho, o que equivale a um valor aproximado de R$3 bilhões.
— Soja e milho são dois cereais de extrema importância para as cadeias produtivas da avicultura industrial e da suinocultura industrial de Santa Catarina. Juntos, representam a maior parcela dos custos de produção de aves e suínos. Em 2020 e 2021 esses grãos atingiram valores elevados no mercado mundial. Os produtores de soja e milho estão tendo remuneração altamente compensatória — explica o presidente.
SC também é força na pecuária
O estado de Santa Catarina é responsável pela maior produção de suínos do país, já a de frango, a segunda maior. O estado tem se destacado cada vez mais na criação das duas proteínas. Nos três primeiros trimestres de 2020, houve aumento de 14,84% no número de suínos abatidos,considerado um número expressivo. De acordo com a Cidasc, foram abatidos mais de 800 milhões de frangos em 2020, o que representou um aumento de 0,7% em relação ao ano anterior.
Para o vice-presidente e diretor de agropecuária da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Marcos Antonio Zordan, a pecuária catarinense é destaque no quesito produção, produtividade e, também status sanitário.
— O mercado da pecuária catarinense é diferenciado. Atinge as melhores remunerações nos países mais exigentes. Temos a tradição de melhoria contínua na genética e na questão sanitária. 90% são pequenos produtores que criam aves e suínos. Eles cuidam da sua propriedade como empresas, são tradicionais produtores, integrados com as agroindústrias, das quais recebem atualização em genética, nutrição, manejo e, incluindo a preocupação com o meio ambiente e bem estar animal. — relata Zordan.
Um dos principais responsáveis pela alta produção é a exportação. O estado é o maior exportador de carne suína do Brasil e o segundo maior de frango. No ano passado, mais de 520 mil toneladas de proteína suína foram exportadas, registrando um incremento de US$1,17 bilhão na receita, representando alta de 35,30%. São 66 mil integrados e cooperados produzindo aves e suínos, enaltece José Zeferino Pedroso.
O status sanitário é os limites e os cuidados aos quais o animal é submetido no seu espaço de convivência, durante sua criação. E, segundo Marcos Antonio Zordan, é um fator primordial para o aumento das exportações de carne suína e de frango.
É fundamental a permanente preocupação de Santa Catarina com a questão sanitária, com a genética e nutrição adequada, buscando sempre um animal que atenda às exigências do mercado externo em relação às características das carnes de suínos e de aves. Por isso nos consagramos no mercado mundial. — explica.
Manter-se no mercado mundial é um desafio, principalmente pelas exigências e os cuidados que são necessários. Zordan enaltece a capacidade dos produtores catarinenses de sempre buscar evoluir e enfrentar os momentos de crise de maneira tranquila.
O agronegócio catarinense é familiar
Além de legumes como a cebola, outro produto que tem essência na agricultura familiar é a produção de suínos. Ela se torna rentável para os produtores, principalmente pela capacidade de se adaptar a propriedades menores, de em média, até 15 hectares, que predominam em Santa Catarina. Para realizar a atividade, o cooperativismo torna-se um grande aliado dos pequenos produtores.
— O fomento e a assistência técnica que as cooperativas e agroindústrias oferecem viabilizam essas propriedades. Antigamente o suinocultor se viabilizava com 500 animais, hoje precisam de 1.000 animais para ter resultado como terminador. Considerando todas as atividades relacionadas com a suinocultura, ela se torna uma cadeia produtiva extremamente importante para a economia do Estado. — explica Marcos Antonio Zordan.
O propósito do trabalho das cooperativas, explica Marcos Antonio Zordan, é oportunizar e viabilizar o trabalho dos pequenos produtores, que são a essência do cooperativismo. Com assistência técnica e planejamento, elas auxiliam o produtor para que ele consiga aumentar sua produção e empregar novas tecnologias e aumentar a produtividade.
— Assim, o produtor consegue um controle e uma gestão mais eficiente da propriedade. A cooperativa trabalha para que produtor cresça e tenha uma condição de vida cada vez melhor, sinta-se importante e valorizado. A cooperativa conscientiza que ele é produtor de alimentos para o Brasil e o mundo e não apenas suinocultor. Também estimula as inovações tecnológicas para que esteja cada vez mais competitivo. — explana.
A principal força de SC
O setor do agronegócio envolve a produção de grãos, leite, carnes, legumes, verduras, entre outros produtos. É uma cadeia alimentícia, se o agro não produz, as pessoas não comem. Para Marcos Antonio Zordan, as pessoas precisam começar a reconhecer a força que o agronegócio representa para o estado.
— Nos municípios onde o agronegócio é forte, o IDH é alto e a economia local é dinâmica. As riquezas que a agricultura produz irrigam a economia local e regional. Outro fator é o grande número de pessoas envolvidas no campo e na cidade, pessoas dedicadas e sempre em busca de inovações, pessoas que gostam do que fazem. O agronegócio é o grande responsável pela conservação do meio ambiente, o que infelizmente nem sempre é reconhecido. — relata.
O ano de 2020 foi de superação para o agro, que enfrentou dificuldades com a estiagem e excesso de chuvas em determinados momentos. Alcançou níveis diferenciados na economia e se reinventou quando necessário. Com os avanços, a expectativa é de crescimento para 2021, de acordo com José Zeferino Pedroso.
— A expectativa, sem dúvida, é de crescimento. A base produtiva da proteína animal - aves, suínos e leite - está em acelerado crescimento. O desafio é ampliar a produção de grãos para reduzir nosso imenso déficit de milho — finaliza José Zeferino Pedroso.
G1 AGRO NEGÓCIOS
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